Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a manutenção da taxa básica de juros em 14,25%, o economista Márcio Pochmann desconstruiu o discurso que embasa a defesa dos juros altos. Em entrevista ao Portal Vermelho, ele citou números que demonstram o equívoco de usar a Selic para reduzir uma inflação que nada tem a ver com a demanda. E criticou a política do Banco Central, que estaria na contramão do esforço fiscal promovido pelo governo.
Por Joana Rozowykwiat
O mantra monetarista, que parece guiar as decisões do Banco Central, prega que o controle de preços se faz com elevação da taxa básica de juros e contração geral do crédito.
Por Wevergton Brito Lima
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira (14) que a inflação deve começar a cair em 2016. “A inflação acumulada em 12 meses deve atingir o pico neste trimestre e permanecer em níveis elevados até o final do ano, para depois iniciar trajetória de queda”, acrescentou, ao abrir o 10º Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária na capital paulista.
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou, pela sétima vez seguida, os juros básicos da economia. A reunião do Banco Central (BC) que reajustou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,25% ao ano, ocorreu nesta quinta-feira (29), em Brasília. Na reunião anterior, no início de junho, a taxa também tinha sido reajustada em 0,5 ponto.
A economia deve ter retração de 1,7%, este ano, de acordo com projeção de instituições financeiras consultadas semanalmente pelo Banco Central. Na semana passada, a projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, estava em 1,5%. Essa projeção é do Boletim Focus, publicação semanal, feita pelo Banco Central, com base em pesquisa a instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos.
A atividade econômica ficou praticamente estável de abril para maio deste ano. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), houve crescimento de 0,03%.
Os resultados das contas públicas devem ser melhores a cada mês até o final do ano, na avaliação do chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha.
Em seu Relatório de Inflação, divulgado nesta quarta-feira (24) pelo Banco Central, aponta que a inflação ao final de 2016 ainda estará distante da meta. De acordo com o documento este é um “sinal importante” sobre os efeitos da estratégia atual de elevação da taxa básica de juros, a Selic. Outro sinal citado pelo banco é a elevação das expectativas de inflação para este ano.
Com taxas de juros mais altas, o saldo das operações de crédito deve crescer menos este ano. Segundo estimativa do Banco Central (BC), a expansão do crédito deve ficar em 9%, em 2015. A projeção anterior do BC, divulgada em março, era 11%. No ano passado, o crédito cresceu 11,3%. Essa será a menor taxa de crescimento do crédito desde 2003, quando ficou em 8,8%.
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, disse nesta sexta-feira (12) acreditar que a inflação fique no centro da meta, 4,5%, estabelecida pela instituição para 2016.
Dados divulgados pelo Banco Central apontam que os investimentos diretos no Brasil aumentaram US$ 5,8 bilhões durante o mês de abril, dos quais US$ 4,4 bilhões em participação no capital, incluídos US$ 952 milhões decorrentes do reinvestimento de lucros, e US$ 1,4 bilhão em operações intercompanhias. Em doze meses, os ingressos líquidos dos investimentos diretos no país somaram US$ 86,1 bilhões, equivalentes a 3,89% do PIB (Produto Interno Bruto).
Audiência pública na Comissão de Trabalho da Câmara, realizada esta semana, defendeu a imediata nomeação dos aprovados no concurso do Banco Central. O certame de 2013/2014 aprovou 785 candidatos já capacitados em curso de formação, prontos para a nomeação. Porém, apenas 300 destes foram nomeados até agora.