Ao assumir o Palácio do Planalto, em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro (PSL) fez questão de citar “o grande desafio de enfrentar os efeitos (…) do desemprego recorde”. Ainda que de forma genérica, prometeu não apenas “bons empregos” – mas também “boas escolas, capazes de preparar (…) para o mercado de trabalho”.
Por André Cintra
Na semana passada, dois indicadores econômicos confirmaram que a desigualdade cresce celeremente no Brasil do golpe do impeachment e da ascensão fascista de Jair Bolsonaro. Os dados sobre desemprego e informalidade revelaram o drama de milhões de brasileiros; já o balanço financeiro do Bradesco indicou que os abutres financeiros seguem com lucros recordes.
É tragicamente comum analistas caracterizarem este começo de século como uma era de distopia, ou seja, de ausência de utopia, de desespero, de privação. Paralelamente às radicalizações, ao empobrecimento da política, à negação do pluralismo como valor, encontra-se o estreitamento dramático das possibilidades de participação do ser humano na produção social.
Por Edney Cielici Dias*
Animação com o mercado de trabalho é frágil, escreve José Paulo Kupfer, colunista econômico do site Poder 360.
País criou 1,2 milhão de empregos em 12 meses, nenhum com carteira, segundo o IBGE. São mais 522 mil sem carteira e 771 mil "por conta própria". Desalento cresce 10% em um ano
Instituto observa que a maioria da população jovem do país está efetivamente procurando trabalho ou envolvida em tarefas domésticas. Solução passa por crescimento da economia e políticas públicas de emprego e educação.
Em outubro, país teve 11,6 milhões de trabalhadores sem direitos trabalhistas, um aumento de 5,9% em comparação com o mesmo período em 2017.
Por Marize Muniz, da CUT
A taxa de desocupação no Brasil caiu para 11,9% no terceiro trimestre de 2018, mas chega a 14,4% na Região Nordeste, a 13,8% para a população parda e a 14,6% para a preta – grupos raciais definidos na pesquisa conforme a declaração dos entrevistados. Quando analisado o gênero, as mulheres, com 13,6%, têm uma taxa de desemprego maior que a dos homens, de 10,5%.
Por Vinícius Lisboa, da Agência Brasil
Pesquisa mostra que, na comparação com as taxas médias de desemprego, negras e jovens entre 18 e 29 anos são os dois grupos mais afetados.
Exibindo completo desconhecimento sobre o assunto, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse, nesta segunda (5), que o cálculo do desemprego, feito pelo IBGE, é uma “farsa”. Ele disse ainda que pretende alterar a metodologia. As declarações, dadas em entrevista à TV Band, preocuparam economistas – que temem manipulações de dados no futuro governo – e foram rebatidas, em nota, pelo sindicato nacional de funcionários do instituto de pesquisa (ASSIBGE).
A taxa de desemprego caiu e a ocupação aumentou no trimestre encerrado em setembro, mas isso aconteceu praticamente sem criação de vagas formais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Segundo diretor técnico da entidade, planos de governo dos candidatos para a economia do país devem estar alinhados ao combate ao desemprego e à geração de renda dos trabalhadores.