Tanto a mídia corporativa fez, que conseguiu: a possibilidade de racionamento de energia elétrica é hoje um tema na ordem do dia nos redutos da classe média, nas redes sociais, nas conversas ao acaso com pessoas das mais diversas origens e tendências políticas – ou de nenhuma.
Por Maurício Caleiro
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou, nesta quarta-feira (9), que não vai haver racionamento de energia e que está mantida a redução de 20% nas contas de luz. A despeito das declarações do governo, os principais jornais de circulação nacional insistem na tese da crise energética. Na avaliação do professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Shayani, há muito barulho sem um problema real à vista.
O Ministério de Minas e Energia afastou a possibilidade de racionamento de energia elétrica e anunciou que o desconto de 20% na conta de luz começará a ser aplicado em fevereiro. O comunicado foi feito após reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quarta-feira (9), em Brasília. Em entrevista coletiva à imprensa, o ministro Edison Lobão lembrou que o período de chuvas começa agora e que a expectativa é de que as chuvas reponham o nível dos reservatórios.
O empenho das manchetes alarmistas em equiparar o horizonte elétrico atual ao desastre construído pelo tucanato no apagão de 2001 é compreensível. Aquele foi o episódio-síntese de um erro histórico clamoroso ungido em doutrina política pelo PSDB e assemelhados. Seu nome é dissociação entre Estado e agenda do desenvolvimento.
Por Saul Leblon
A presidenta Dilma Rousseff acompanha nesta quarta (9) a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – que avalia o suprimento de energia no país -, pois o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas tem preocupado o governo. A reunião está marcada para as 14h30. A expectativa é que sejam discutidas as questões de expansão das obras em curso no país e de segurança.
A presidenta Dilma Rousseff retorna nesta terça-feira (8) a Brasília depois de um breve recesso na Base Naval de Aratu, na Bahia. Dilma estava na Bahia desde o dia de 28 de dezembro, acompanhada da família, e passou o Réveillon nas instalações da Marinha. A previsão era que a presidenta voltasse ao trabalho na quinta-feira (10), mas o retorno foi antecipado para hoje. O Planalto não informou o motivo da mudança de data.
Embora ainda não ofereça riscos de desabastecimento de energia e de confiabilidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN), a falta de chuva, que vem deixando os reservatórios próximos da Curva de Aversão ao Risco (CAR), pode comprometer as metas do governo de reduzir em 16% o custo da energia elétrica para os consumidores.
O nível abaixo do normal na maioria dos reservatórios do país faz com que quase um quarto da energia distribuída pelo Sistema Interligado Nacional (SIN) e consumida em todo o país seja proveniente de usinas termelétricas. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), pelo menos 60 usinas termelétricas estão despachando energia, por meio do SIN, de todas os tipos de fontes: eólica, a carvão, a óleo diesel e combustível, nuclear e a gás natural.
Ao longo de 2012, as pautas ligadas ao setor elétrico receberam destaque na agenda política brasileira. Em setembro de 2012 a presidenta Dilma Rousseff anunciou a redução da tarifa de energia. Segundo ela, a conta de luz das residências vai ficar 16,2% mais barata, enquanto que, para as indústrias, a redução pode chegar a 28%, dependendo do nível de tensão.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho, com informações da Rádio Agência NP
As perspectivas do setor elétrico brasileiro para 2013 são muito boas, segundo assegurou à Agência Brasil Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. “Vai ser um ano muito bom”, disse ele, lembrando que devem entrar no sistema elétrico nacional, durante o período, cerca de 10 mil megawatts (MW), englobando usinas hidrelétricas, eólicas (dos ventos) e térmicas, já leiloadas.
A exemplo dos anos anteriores, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte manteve-se em 2012 como objeto de muita polêmica envolvendo ambientalistas, desenvolvimentistas, movimentos sociais, índios, comunidades ribeirinhas e poder público, com a ocorrência de greves e até mesmo incêndios. Apesar de tudo, a avaliação da Norte Energia – concessionária responsável pela obra e operação da usina – é que as dificuldades não implicaram em atraso do cronograma.
O ano de 2012 foi muito importante para o setor elétrico, na avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. “Nós tivemos a medida provisória para renovar as concessões, o que vai permitir o barateamento da energia no Brasil. [Isso] marca bastante este ano”.