Uma carta divulgada amplamente nas redes sociais trouxe à tona a luta do povo Guarani-Kaiowá para se manter em sua terra, na fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Diante de uma decisão da Justiça no estado, que determina a saída dos indígenas, eles prometem resistir. Para entender esse e outros conflitos indígenas acontecerá na Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), o debate "O Luto e a Luta dos Povos Indígenas", na quarta-feira (31).
Pistoleiros atiraram contra a tribo de Arroio Korá, do povoado Guarani Kaiowá, em Paranhos, fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, onde vivem cerca de 400 índios. Durante o ataque, os indígenas estavam reunidos com o antropólogo do Ministério Público Federal (MPF), Marcos Homero, representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e agentes da Força Nacional. A mesma comunidade já havia sido atacada no dia 10 de agosto.
Para quem trafega pelo trecho da rodovia estadual MS-386 que liga as cidades sul-mato-grossenses de Amambaí e Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, é impossível não notar os barracos onde Mariluce Alves vive com os cinco filhos e sete adultos. No calor amplificado pelas folhas de zinco e pela lona plástica, o pai de Mariluce, José Alves, 71 anos, repousa a perna, atrofiada por um acidente, deitado em uma rede. Das crianças em idade escolar, duas não têm documentos.
Um grupo de 60 índios guarani-caiovás que ocupam uma fazenda próxima a uma estrada em Iguatemi, 470 quilômetros de Campo Grande (MS) foi atacado por homens armados na tarde desta segunda-feira (28). Na sexta-feira (18), índios guarani-caiovás que acampam em uma fazenda entre Amambaí e Ponta Porã, na mesma região, foi alvo de outro ataque. Uma liderança indígena foi sequestrada. Cerca de 500 indígenas fazem uma marcha em protesto na manhã de quarta-feira (30) com 500 indígenas na rodovia MS-386.