Janeiro: três grandes fatos que marcaram a história de Cuba

 O mês de janeiro começa para os cubanos, com as comemorações da vitória da revolução, ocorrida no primeiro dia do primeiro mês de 1959 e lá se vão 58, desde que, descendo a Sierra Maestra, os guerrilheiros do Movimento Revolucionário 26 de julho, liderados por Fidel Castro, Raul Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e outros comandantes, tomaram as principais cidades de Cuba, libertando-as do jugo do imperialismo estadunidense, comandado na ilha pelo ditador sanguinário e corrupto Fulgencio Batista.

Bandeiras BrasilxCuba

 Claudio Machado

A importante cidade de Santa Clara foi tomada por Che Guevara e Camilo Cienfuegos no dia 31 de dezembro de 1958. Com a notícia das seguidas derrotas de seu exercito, o ditador Batista fugiu para a República Dominicana na madrugada do dia 01 de janeiro de 1959. Nesse mesmo dia Che e Cienfuegos entraram na capital Havana, sem encontrar resistência relevante.

Uma semana depois Fidel entra triunfante na capital, vindo de outras batalhas vitoriosas como a de Guisa, que teve início em 20 de novembro de 1958 e depois de dez dias de intensos combates, a coluna guerrilheira comandada por Fidel derrota as tropas de Batista na campanha pela tomada de Santiago de Cuba. Essa vitória marcou o início da ofensiva final.

Nos anos 50 do século passado, até a vitória da revolução liderada por Fidel Castro, as empresas estadunidenses eram proprietárias de 100% das refinarias de petróleo, 90% das fazendas de gado, 90% das minas e 40% da indústria açucareira.

Em 1959, com a revolução, teve início o lançamento das bases políticas, econômicas, sociais e culturais para a construção do socialismo em Cuba que, ao longo dos últimos 58 anos, conseguiu promover um grande salto civilizacional, eliminando a miséria, o analfabetismo, universalizando a gratuidade da saúde e da educação e distribuindo de forma justa a riqueza produzida pelo trabalhadores e trabalhadoras cubanos.

30 anos antes, em 10 de janeiro de 1929 é assassinado na cidade do México Julio Antonio Mella, com apenas 26 anos, herói cubano, um dos fundadores do Partido Comunista de Cuba e da Federação Estudantil Universitária.

Mella nasceu em 25 de março de 1903. Em 1921 ingressa na Universidade de Havana para cursar direito, filosofia e letras, onde se destacou como grande líder estudantil e desportista. Em outubro de 1923 organizou o primeiro Congresso Nacional de Estudantes.

Em 1924 funda a seção cubana da Liga Anti-imperialista de Cuba junto com Carlos Baliño e Rubén martinez Villena. A liga foi um instrumento fundamental para a aplicação das ideias leninistas nos países coloniais e dependentes.

Julio Mella passou a ser um dos mais importantes orientadores da organização na América Latina. Ao mesmo tempo ingressa no Agrupamento Comunista de Havana e realiza intenso trabalho junto ao proletariado.

Gerardo Machado, general que assumiu a presidência da república em 20 de maio de 1925, tornou ilegal o Partido Comunista e a Federação Estudantil Universitária, expulsando Julio Antonio Mella da Universidade e o prendeu, acusando-o de terrorista.

Depois de conseguir se exilar no México, Mella se vincula ao movimento revolucionário continental e internacional, para o qual é nomeado secretário geral. A partir daí e em função de seu posto dirigente, estabelece contato com os revolucionários e democratas de toda a região, desenvolvendo as atividades preparatórias para um evento internacional.

Julio Antonio Mella era também jornalista e nessa ocasião colaborava com os periódicos “Cuba Libre”, “El Libertador”, “Tren Blindado”, “El Machete” e “Boletin del Torcedor”.

Funda varias organizações anti-imperialistas, estudantis e campesinas. Em 1927, com Leonardo Fernández Sánchez e Alejandro Barreiro organiza a Associação dos Novos Emigrados Revolucionários Cubanos (ANERC), que foi dotada de um programa que abriu uma nova perspectiva para o desenvolvimento do pensamento e da prática revolucionária em Cuba e na América Latina.

Em 1929 sua curta, mas intensa trajetória revolucionária é interrompida. É assassinado enquanto caminhava com sua companheira Tina Modotti, presumivelmente por ordem do ditador cubano Gerardo Machado. Nessa ocasião encontrava-se em plena preparação a expedição que levaria Mella do México à Cuba para incorporar-se a luta armada.**

Para completar a tríade de fatos que grande relevância para a história de Cuba, no dia 28 de janeiro, há 164 anos nasceu o grande herói cubano José Martí, que foi o grande mártir da independência de Cuba em relação à Espanha.

Sobre ele, vale citar um trecho inicial de um artigo escrito por Frei Betto em sua página, intitulado : Martí e a Revolução Cubana.

“A história da América Latina é rica em líderes sociais que encarnaram, em ideias e atitudes, utopias libertárias. Raros, entretanto, aqueles que, se por milagre ressuscitassem do túmulo, se deparariam com a realização efetiva de seus sonhos e projetos. Um deles é José Martí, que veria na Revolução Cubana que seu sacrifício não foi em vão – morreu de armas nas mãos, em 1895, defendendo a emancipação de Cuba do domínio espanhol.”

“Sua luta disseminou raízes que floresceram no projeto de soberania e libertação nacionais, com expressiva ressonância internacionalista, realizado pelo povo cubano nas últimas seis décadas, sob a liderança dos irmãos Fidel e Raúl Castro.”

“Graças a Martí, a Revolução Cubana preservou a sua cubanidade, a sua originalidade, sem se deixar engessar por conceitos dogmáticos que, em outros países socialistas, produziram tão nefastas consequências. Martí tinha o dom de ser um homem de ação sem deixar de ser um intelectual refinado, um pragmático e um espiritualista. Jamais perdeu o senso crítico e mesmo autocrítico.”***

Até a vitória, sempre!!!

*Claudio Machado é secretário estadual de comunicação do PCdoB capixaba e coordenador do núcleo capixaba do Barão de Itararé.

**Sobre Julio Antonio Mella, mais informações podem ser obtidas no endereço https://www.ecured.cu/Julio_Antonio_Mella

***O artigo completo de frei Betto pode ser lido em www.freibetto.org/index.php/artigos/14-artigos/36-marti-e-a-revolucao-cubana