Líderes mundiais repudiam prisão de Lula

O momento histórico de degradação da democracia no Brasil, ilustrado pelo pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercute internacionalmente. Desde a noite de sábado, quando o líder petista se entregou à justiça, diversos líderes enviaram mensagens de solidariedade.

Evo Morales e Lula - Divulgação / Presidência da Bolívia

Da Argentina, autoridades do governo afirmaram que enxergam com preocupação a situação que vive o Brasil hoje. Tanto o Secretário de Direitos Humanos e Pluralismo Cultural, Claudio Avruj, quanto Rogelio Frigerio, ministro do Interior, em entrevista aos meios argentinos, fizeram votos para que a "situação institucional" se resolva no Brasil.

Luis Rosales, analista de política internacional argentino apontou em entrevista ao jornal El Intransigente que Lula tirou milhões da pobreza. "Lula foi de fato um presidente que tentou integrar 30 milhões de pessoas saindo da pobreza indo pra classe média, foi o primeiro que não pertencia a elite do Brasil e esse foi um avanço para o país", disse.

O presidente boliviano Evo Morales, que já havia publicado outras mensagens em apoio ao ex-presidente, voltou a defender Lula, por meio do Twitter. “Estamos presenciando uma das maiores injustiças do século 21. Querem encarcerar um homem inocente que deu sua vida ao seu país e tirou dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da fome. Hoje, mais que nunca estamos contigo irmão. Lula vale a luta”

Da Colômbia, chegaram apoios das Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) e do Movimento Marcha Patriótica.

Em nota, a Farc afirma que, a exemplo do golpe que tirou do poder a presidenta eleita Dilma Rousseff, recorrem a práticas juridicamente questionáveis com o propósito de deslegitimar Lula.
A coordenação social da Marcha Patriótica classificou de "manipulação política, judicial e midiática" o processo que vitimiza Lula.

"Com essa decisão, Lula, o candidato mais bem posicionado para ganhar as eleições presidenciais enfrentará injustamente a prisão, impedindo sua participação e negando a possibilidade do exercício de eleições livres", diz a nota.

Na Europa, o líder da esquerda francesa, Jean-Luc Mélenchon, denunciou também a condenação e prisão de Lula da Silva. "Este é um golpe judicial", pontuou ao resgatar a informação de que Lula apresentou vantagens substanciais nas sondagens para as eleições presidenciais de outubro.

"(…) Lula é acusado de ser corrupto: eu digo é mentira, Lula não é corrupto, é uma maneira que a oligarquia e os Estados Unidos da América descobriram para impedir que ele seja um candidato a ganhar uma eleição novamente e fazer uma política favorável aos pobres, humilhados e oprimidos que são os mais numerosos do Brasil", disse Mélenchon.

Já o secretário geral do Podemos e deputado espanhol, Pablo Iglesias, se manifestou publicamente durante o encontro internacional "En Marcha 2019", que ocorreu em Madri, na Espanha. "Quero mandar a solidariedade ao povo brasileiro que está lutando contra uma ofensiva autoritária: Libertem Lula", afirmou. Em seguida, o público de mais de 300 pessoas se juntou ao pedido de liberdade.

Da América do Norte, o deputado estadunidense da Califórnia, Ro Khana, do Partido Democrata, também se manifestou via Twitter contra a prisão de Lula: "Estou muito preocupado pelo fato de que o candidato à presidência do Brasil líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo preso no que parece ser um processo por motivações políticas. O povo brasileiro merece uma eleição livre e justa", pontuou.