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EUA e o golpe de Estado nas eleições de 2000

As eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2000 foram marcadas por um fato nada abonador para a auto-proclamada ''maior democracia'' do mundo. Al Gore, candidato democrata à presidência, ao perceber irregularidades na apuração no Estado da Flórida

No ano 2000, o ex-vice-presidente Al Gore ganhou as primárias do Partido Democrata, e escolheu Joe Lieberman para ser seu vice-presidente. Concorrendo contra ele, estava o filho do ex-presidente, George W. Bush, e Dick Cheney, como vice-presidente, que derrotou John McCain nas prévias republicanas.



Os dois candidatos estiveram no centro do que pode ser considerado as eleições mais polêmicas da história dos EUA. No dia da de eleição, as redes de televisão anunciaram que Al Gore havia ganhado o estado da Flórida, segundo pesquisas de boca-de-urna.



Quarto Estado mais populoso do país, a Flórida era considerada um estado decisivo para o resultado final por causa do grande número de votos que levaria para o colégio eleitoral. Gore tinha vencidos nos Estados mais populosos da costa oeste e do nordeste e Bush levou a maioria do meio oeste, centro e sul dos Estados Unidos, a maioria com uma população pequena, e consequentemente, poucos votos no colégio eleitoral. Assim, quem ganhasse na Flórida, venceria a eleição.



Poucas horas depois, as redes voltaram atrás e divulgaram a informação de que nada havia sido decidido. Logo depois, foi anunciado que Bush havia ganhado o estado, porque com 85% dos votos contados, Bush contava com 100 mil a mais.



Quando Al Gore se preparava para fazer o seu discurso e reconhecer sua derrota, houve novamente uma mudança, pois os distritos que faltavam para encerrar a apuração (Miami-Dade, Palm Beach e Broward) tinham tradicionalmente maioria democrata. Gore começou a tirar a diferença para Bush.



Na manhã do dia seguinte à eleição, Bush tinha 500 votos a mais que Gore e o democrata pediu uma recontagem, algo previsto nas leis estaduais da Flórida. A decisão foi parar na Suprema Corte, que declarou a recontagem inconstitucional. Bush venceu a disputa popular estadual por 537 votos e levou os 25 delegados do estado para o colégio eleitoral. Na eleição indireta, venceu por 271 a 266. Gore teve a maioria do voto popular, com 48,4% sobre 47,9% de Bush, mas foi obrigado, por uma votação de 5 a 4 na Suprema Corte, dominada por republicanos, a voltar para casa. Um ''legítimo'' golpe de Estado.



Após oito meses no cargo, aconteceram os suspeitos ataques de 11 de setembro em Nova York e a reação da mídia a favor de Bush elevou sua popularidade em 90%. Em seguida aconteceram as ocupações do Afeganistão — outubro de 2001 — e do Iraque — março de 2003.


 


Bush foi o quarto presidente eleito com menos votos que seu concorrente, e o segundo acusado de fraudar as eleições.


 


O primeiro presidente não eleito pelo voto foi John Quincy Adams, escolhido pelo Congresso dos Estados Unidos em 1824. Em 1876, o republicano Richard Hayes foi eleito pelos delegados do Colégio Eleitoral, em uma eleição repleta de fraudes, fazendo com que Hayes ficasse conhecido por seus adversários como “Vossa Fraudulência”.



Benjamin Harrison, “eleito” em 1888, foi também escolhido pelos delegados, que votaram contra o resultado geral das urnas.