Cuba prepara primeira reunião sobre a Alba, alternativa à Alca, promovida pela Venezuela

As autoridades cubanas definem os preparativos para a realização em Havana da primeira reunião sobre a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), informou anteontem (18/1) o jornal oficial Granma.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento) cubana, Osvaldo Martínez, disse ao jornal que a reunião será realizada "em breve", sem especificar datas, para analisar as vantagens e perspectivas da Alba.

Cuba é até agora o único país que aderiu à iniciativa promovida pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como alternativa à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), defendida pelos EUA.

Martínez disse que foram convocados parlamentares venezuelanos para examinar em conjunto uma iniciativa que "pela primeira vez" coloca a integração regional do ponto de vista da "solidariedade e da cooperação".

Segundo ele, o encontro "é mais um dos primeiros debates de qualquer tipo que serão feitos sobre a Alba" e nele serão abordados seus resultados, especificamente, os validados pelos acordos com Cuba, que intensificaram os laços bilaterais em matéria comercial e de cooperação em saúde e educação.

De acordo com Martínez, o fórum permitirá aprofundar na base conceitual da Alba as diferenças com a integração econômica neoliberal e os desafios que a América Latina tem diante de si em momentos de mudanças políticas como, por exemplo, a recente vitória de Evo Morales na Bolívia.

Alca: estratégica neocolonialista dos EUA

A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) pretende ser o maior bloco econômico do planeta, reunindo os 34 países do continente americano – que somam um Produto Interno Bruto de quase US$ 11 trilhões e mais de 808 milhões de habitantes. Somente Cuba, por rejeição dos EUA e também por sua corajosa defesa da integridade nacional, está de fora das negociações deste tratado.

Embora a sigla trate apenas do fantasioso “livre comércio”, o alcance da Alca será bem maior. Na prática, ela visa avançar na total desregulamentação das economias latino-americanas e na anulação completa do papel dos estados nacionais. “Trata-se de um projeto estratégico dos Estados Unidos de consolidação de sua dominação sobre a América Latina, por meio da criação de um espaço privilegiado de ampliação de suas fronteiras econômicas”, explica o deputado federal Aloizio Mercadante (PT/SP). “A Alca faz parte da estratégica neocolonialista do imperialismo norte-americano, é uma medida para a anexação das economias latino-americanas”, afirma a resolução do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Através da Alca, os EUA pretendem impor ao hemisfério todas as regras em negociação na OMC (Organização Mundial do Comércio). Ela também seria uma extensão, para pior, do Nafta – o tratado em vigor desde 1994 que inclui os Estados Unidos, o Canadá e o México.

Os povos latino-americanos nada têm a ganhar com esta nova ofensiva do imperialismo. Os apologistas da Alca afirmam  que ela incentivaria o “livre comércio” entre as nações. Entretanto, conforme demonstram vários estudos, é impossível existir comércio justo entre países com diferenças tão gritantes. Os EUA sozinhos, como potência hegemônica mundial, controlam quase 80% do PIB do continente. Brasil e Canadá detêm, cada um, cerca de 5%. México e Argentina aparecem em seguida, num patamar em torno de 3%. A partir daí, todos os demais países da região respondem individualmente por 1% ou menos do PIB continental. Diante de tamanha assimetria, a tendência natural é de que os EUA engulam de vez a economia latino-americana, causando falências de empresas e demissões em massa.

Da redação,
Com agências