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Assembléia paulista convoca deputados e colaboradores de Alckmin
Nove pessoas ligadas à equipe do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à presidência – cinco colaboradores diretos e quatro deputados da base de apoio – terão de prestar esclarecimentos nas pr
Publicado 07/04/2006 21:07
A Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou na quinta-feira a convocação de funcionários e ex-funcionários do governo e até mesmo de um secretário de governo, além dos quatro parlamentares. Eles devem falar aos deputados dentro de 30 dias. A convocação contrariou a base governista.
As suspeitas, levantadas por parlamentares da oposição e investigadas pelo Ministério Público, são de que o banco Nossa Caixa – do qual o Estado é o maior acionista – direcionou verbas de publicidade e patrocínio para veículos de comunicação e programas de TV e rádio de deputados da base governista em troca de apoio na Assembléia entre os anos de 2003 e 2005.
"Isso seria o mensalinho deles aqui em São Paulo", disse nesta sexta-feira à Reuters o deputado estadual Ênio Tatto, líder do PT na Assembléia, numa referência a escândalo do mensalão que envolveu seu partido em esfera nacional e também deputados federais da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a equipe de campanha de Alckmin, as denúncias têm interesse eleitoral e são infundadas.
Para o deputado Nivaldo Santana (PCdoB), o PSDB se complica com a tentativa de impedimento dos esclarecimentos sobre as denúncias que pesam contra o governo tucano. “O PSDB toma uma atitude antidemocrática porque, além de não aceitar a instalação de nenhuma CPI, busca impedir também que os dirigentes da Nossa Caixa prestem depoimento sobre as denúncias de favorecimento de parlamentares da base aliada”, afirma o parlamentar comunista. Para Santana, o pré-candidato Geraldo Alckmin sofrerá a conseqüências das medidas autoritárias que toma em São Paulo.
Os deputados também questionam outro fato: o de agências de publicidade terem prestado serviço no ano passado para o governo sem que tivessem contrato.
Há ainda mais um caso ligado à equipe de Alckmin. Diz respeito a um patrocínio pago pela Sabesp e pela Companhia Elétrica Paulista (Cteep) à revista do acupunturista de Alckmin, o médico e professor Jou Eel Jia. O patrocínio custou R$ 120 mil ao Estado.
A revista "Ch'an Tao" publicou em um de seus números nove páginas sobre o candidato tucano, que também aparecia na capa.
Tatto critica. "A suspeita é de que se usou recursos públicos como forma de patrocínio da revista, e que na verdade foi uma forma de promoção pessoal e eleitoreira do governador."
A promotora Andrea Chiaratti encaminha até segunda-feira um questionamento aos diretores-presidentes das duas empresas sobre o gasto.
Deputados da base
Entre os convocados pelo comissão da Assembléia, estão o secretário de Recurso Hídricos, Mauro Arce; o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo da Silva Monteiro; o ex-presidente do banco, Valderi Frota de Albuquerque; e o ex-assessor de imprensa do governo, Roger Ferreira.
O ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, Jaime Castro Júnior – que afirmou em uma sindicância interna do banco ter sido pressionado por superiores para direcionar verbas publicitárias – também foi convocado.
A compra de espaço publicitário pelo governo Alckmin em veículos e programas de quatro deputados da base do governo está sendo investigado pelo promotor Sérgio Turra, da Promotoria da Cidadania.
Os deputados são: Afanázio Jazadji (PFL), que tem programa de rádio; Vagner Salustiano (PSDB), que tem uma revista e um programa de rádio; Edson Ferrarini (PTB), que possui um programa de TV; e Bispo Gê (PFL), também de TV. Este último, segundo o promotor, foi o único que negou ter recebido verbas publicitárias do governo.
"A Nossa Caixa faz publicidade normalmente, mas a questão, nesses casos, é saber se houve finalidade política", disse Turra à Reuters "Essa é a tese da denúncia e é o que vamos investigar."
A Nossa Caixa também rebateu as suspeitas. "Os veículos de comunicação, eventos e patrocínios incluídos no plano de marketing são escolhidos com base em regras técnicas, que analisam os públicos de interesse comercial do banco", informou o banco por meio de nota.
"Pêlo em ovo"
As denúncias vieram à tona no fim do mês, poucos dias depois do lançamento oficial de Alckmin como candidato do PSDB à Presidência da República.
O assessor do candidato tucano, Luiz Salgado Ribeiro, descartou, em entrevista à Reuters, qualquer irregularidade na publicidade na revista "Ch'an Tao" e disse que o fato de o ex-governador aparecer na capa e em uma longa matéria se explica pelo interesse noticioso em torno de seu nome. O próprio Alckmin declarou recentemente que se está procurando "pêlo em ovo".
A expressão, segundo assessor, também vale para outro caso que virou notícia nas últimas semanas envolvendo a mulher do tucano. Lu Alckmin teria ganho de presente de um estilista ao menos 40 peças de roupa – o que, para alguns, configuraria uma "falha" ética.
Fonte: Reuters