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Trabalhadores em construção civil ganham confederação

Mais de 2.000 trabalhadores de todos os estados do País compareceram, na manhã desta sexta-feira (07/04), à assembléia de fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Constru&ccedil

Com mandato de três anos, a nova Confederação é integrada majoritariamente por sindicalistas da CUT e da Força, contando na sua direção com a participação das mais expressivas lideranças do setor no país, que terão mandato de três anos. Entre outros nomes, compõem a executiva Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo; Antonio Lopez, presidente do Sindicato dos Marceneiros de São Paulo; Cláudio da Silva Gomes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Bauru; Antonio Beriquidian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada de São Paulo; Waldemar Pires de Oliveira, presidente do Sindicato da Construção Civil de São Bernardo e Diadema e Wilmar Santos, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Construção Pesada.

Página virada – Segundo o dirigente cutista Waldemar de Oliveira, o objetivo da nova confederação é virar a página de abandono deixada pela inação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI). “Há muito entusiasmo e esperança na nova entidade que já nasce forte, sendo uma resposta da categoria à paralisia da CNTI, que deixou largados os trabalhadores da construção. Queremos canalizar a revolta existente contra esse descaso, para construir uma Confederação que mude a cara do setor, infelizmente recordista em acidentes do trabalho, lesões, mutilações e mortes, e que traz como chaga a enorme precariedade e os mais baixos salários”, acrescentou.

Waldemar apontou que entre as bandeiras da Confederação estão a unificação da data-base nacional; a construção de um piso mínimo nacional (atualmente é menor do que o salário mínimo em alguns estados); o enfrentamento ao elevado número de acidentes causado pelas longas jornadas e o enquadramento da construção civil como categoria periculosa, para que os trabalhadores do setor tenham direito à aposentadoria. Hoje, denunciou o cutista, “o trabalhador da construção morre antes de se aposentar”. Outro desafio, destacou, é banir do setor produtos como o amianto, que afetam a saúde dos trabalhadores e o meio ambiente, comprometendo a qualidade de vida.

Mobilização – Secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Vitória, Waldir Maurício da Costa Filho veio a São Paulo acompanhado de outros 18 dirigentes sindicais do Espírito Santo. “Tivemos uma mobilização de 21 dias por melhores condições de trabalho, onde cerca de 12 mil companheiros cruzaram os braços. Em nenhum momento dessa paralisação tivemos qualquer apoio da CNTI, entidade que dizia nos representar. Agora, mais do que uma bandeira, a nova Confederação tem o compromisso de acelerar a luta em defesa dos nossos direitos”, declarou Waldir.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores da Construção Civil de Santa Catarina (Fetracon/CUT) e do Sindicato dos Trabalhadores de São Bento do Sul, Vilmar Kanzler, “a CNTI foi superada por ficar inteiramente à margem das lutas”. “São Bento do Sul é uma das maiores exportadoras de móveis do país. Lá nos enfrentamos contra a intensidade do ritmo de trabalho, acelerado pela ganância empresarial e que tem gerado uma legião de mutilados. Nunca tivemos o apoio da Confederação oficial para pôr fim a esse crime, a CNTI nunca tomou partido nessas lutas, é o cúmulo do peleguismo”, frisou.

Secretário-geral do Sindicato de São Bento do Sul, José Sidney Carneiro ressaltou que na própria direção da entidade, em sua cidade, existem três diretores mutilados. “Temos inúmeros mutilados e lesionados por conta do esforço repetitivo e das doenças ocupacionais, mas nada disso é reconhecido. Os problemas são mascarados em prontuários que não refletem a realidade. Precisamos de uma Confederação que dê mais força às nossas reivindicações e apoio à categoria”, concluiu Sidney.