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Audiência pública debate dificuldades para doação de medula óssea

Por solicitação da deputada Jussara Cony (PCdoB) a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa realizou hoje (12) uma audiência pública com representantes do Ministério da Saú

Há cerca de dois meses, a deputada foi procurada, em seu gabinete, por familiares e amigos do menino Kauan, de dois anos, portador de leucemia e que necessita de transplante de medula óssea, mas encontra dificuldade em conseguir doador compatível.

Presente na reunião, o coordenador da campanha Salve Kauan, Antônio Zacarias Rodrigues, lamentou a falta de capacidade estrutural para ampliar os locais onde é possível fazer o teste. Apenas dois hospitais em Porto Alegre – HCPA e Santa Casa – , e o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), estão aptos para realizar o teste de compatibilidade.

Já o médico Luís Jobim, chefe do Setor de Imunologia do HCPA, declarou que em até 30 dias o hospital deverá receber novos equipamentos que possibilitarão o aumento das coletas. realizar milhares de coletas por mês.  

Segundo o médico Jorge Neumann, coordenador da área de transplantes de medula óssea da Santa Casa, a ampliação da média de doações requer a formação de profissionais para a execução dos exames. “Por tratar-se de exame de alta complexidade, não automatizado, o treinamento de um profissional de nível superior para esta atividade demora em média seis meses”, afirmou. Atualmente, segundo Neumann, o hospital consegue atender 500 doadores por mês, mas, devido à campanha Salve Kauan, durante os meses de fevereiro e março, mais de mil pessoas por mês procuraram a instituição para coletar amostras sangüíneas. Neumann também acrescentou que existem bancos de doadores na Europa, América do Norte, Austrália e Japão. “Mas o único país fora deste círculo, e o único da América Latina a possuir um banco ativo e funcional de doadores, é o Brasil, com aproximadamente 180 mil doadores cadastrados”.

O coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Roberto Schlindwen, informou que 1.050 pacientes no Brasil aguardam o transplante de medula óssea.  “A composição do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) representa a diversidade étnica e todas as regiões estão representadas”, destacou. O representante do Ministério da Saúde também adiantou que a pasta está empenhada em autorizar que outros hospitais venham a realizar o transplante como o HUSM que, atualmente, está autorizado a apenas realizar os testes.

A deputada Jussara Cony destacou que a audiência pública reforçou o significado do Sistema Único de Saúde (SUS). “O Brasil é o único país a realizar o transplante de medula no serviço público de saúde”, afirmou a parlamentar. O entrave, segundo ela, não é financeiro, mas de formação e capacitação de recursos humanos.

Ao final da audiência pública ficou acertado que o Hemocentro/RS disponibilizará transporte para levar familiares do menino Kauan, que moram no interior do Estado, aos hospitais capacitados para fazerem testes de compatibilidade. A possibilidade de um familiar ser compatível para doar a medula aumenta 30%.

 

De Porto Alegre,

Denise Campão