Mãe que perdeu o filho na chacina da Baixada Fluminense entra para o PCdoB

Luciene Silva é uma mãe que gerou quatro filhos. Porém um deles, Rafael Silva, foi assassinado em 2005 por policiais. Ele não foi o único. Neste dia, outras 28 pessoas foram mortas na chacina da Baixada Fluminense. Da dor

Luciene é casada, nasceu na Penha e hoje mora no bairro da Posse, em Nova Iguaçu. Seu pai militou no PCB durante 55 anos. Morreu com 78 anos sem nunca ter abandonado as idéias comunistas. De nome Humberto, em tempos de ditadura era conhecido como Alagoas, sua terra natal. “Meu pai sempre foi comunista e em casa sempre passou os valores do Partido, na luta por uma nova sociedade e por melhorias na vida do povo. Às vezes ele tinha que deixar a família, foi preso, mas nunca abandonou a luta. Ele sempre falava isso pra gente, mas apesar de ter orgulho dele, nunca soube direito como era o partido”, orgulha-se Luciene.
 
Sobre a decisão de se filiar ao PCdoB, Luciene diz que “tenho muito em comum com a visão do PCdoB. É um Partido que respeita a vida, não tem preconceitos. Fui ter uma visão mais política quando comecei a participar do movimento social no meu bairro. Criei um centro social para melhorar as coisas aqui, mas que durou pouco tempo. Foi no Reage Baixada (movimento criado para lutar contra a impunidade na região) que me reaproximei do movimento social e decidi que precisava lutar pelos ideais que meu pai lutava. Principalmente na Baixada, onde a situação econômica é pior. Não quero que outras pessoas sofram a violência que eu sofri”.
 
Julgamento
 
No caso da chacina as famílias ainda aguardam o julgamento, que deve ocorrer até o meio do ano. Cinco pessoas estão presas e vão responder por homicídio culposo, dois ainda estão soltos.
 
“Tenho certeza de que serão condenados. Vou lutar até o final da minha vida que para isso nunca mais aconteça. Nós sabemos que nossos filhos não voltam mais, mas isso não pode continuar ocorrendo com outros jovens. Meu filho era um estudante de 17 anos que sonhava em ser professor de Educação Física. Quero que os envolvidos sejam tirados da polícia e punidos. As mortes desses inocentes não foram em vão, muitas coisas mudaram depois disso e outras ainda irão mudar”, diz Luciene.
 
No dia 18, o Reage Baixada fará uma nova reunião, às 14h, no Centro de Direitos Humanos, em Nova Iguaçu. Na próxima semana, Luciene participará do julgamento das mortes ocorridas em uma casa de show em São João de Meriti, onde as “Mães da Via Show” também vão exigir justiça para as mortes dos filhos.
 
No dia 19, o vereador de Nova Iguaçu, Fernando Cid (PCdoB), vai homenagear Luciene com o Título de Cidadã Iguaçuana. A solenidade será às 18h, no Sesc.