Livro analisa guerras travadas ''em nome de Deus''

"O Senhor da Guerra", do sociólogo  Daniel Aurélio, é um livro polêmico já na proposta. Sob o mote "Deus, uma idéia explosiva", o autor conduz o leitor a uma viagem histórica pelas guerras promovidas &qu

A citação da frase de Renato Russo na abertura do livro – "Há tempos, nem os Santos têm ao certo a medida da maldade" – dá o tom dos quatro capítulos. Estes abordam temas como as Cruzadas, que, com o objetivo de levar a fé católica para todo o planeta, espalharam morte e destruição entre muitos povos. Já em outros domínios religiosos, conta como a guerra entre judeus e árabes, e a Intifada (disputa de território entre palestinos e judeus) também dizimaram a vida de outras milhares de pessoas.

Segundo Daniel Aurélio, "o objetivo do livro é incitar a reflexão e a análise, possibilitando identificar e posicionar-se contra qualquer tentativa de atribuir a destruição à vontade de Deus". Dentro desse contexto, a obra pretende alertar para o fato de que se toda guerra precisa de um motivo, num mundo de tantas crenças, nada mais conveniente do que usar Deus como algoz ou aquele que autoriza a morte em Seu nome.

No apêndice, o autor sugere bibliografia e filmografia básicas sobre o tema, além de fazer constar a discografia utilizada na obra, que inclui a clássica canção do rock "Sunday Bloody Sunday", escrita pelo guitarrista David Evans para o álbum "War" (1983), dos irlandeses do U2. A música foi citada, de acordo com a editora, porque canta ao mundo o que este livro diz sobre o domingo sangrento de 1972, quando o exército britânico tomou partido do governo da Irlanda do Norte e atirou contra participantes de uma marcha – manifestação da minoria católica num país de maioria protestante.

Indignados com a arbitrariedade, manifestantes revidaram e partiram para o confronto com os militares aos gritos de "sangue, sangue, sangue". "A letra dessa canção resume com lirismo e amargura o conteúdo desta obra", complementa o autor, que cita os versos "A verdadeira batalha começou / para reivindicar a vitória que Jesus conquistou (…) trincheiras cravadas em nossos corações / e mães crianças, irmãos e irmãs separados".