Credores trabalhistas rejeitam proposta de venda da Varig

Os credores trabalhistas da Varig sinalizaram que devem rejeitar a proposta da VarigLog de comprar a companhia aérea por US$ 400 milhões. Sem a aprovação de todos os credores, a proposta não será levada adiante, pois a V

Os credores trabalhistas da Varig sinalizaram que devem rejeitar a proposta da VarigLog de comprar a companhia aérea por US$ 400 milhões. Sem a aprovação de todos os credores, a proposta não será levada adiante, pois a Varig está em recuperação judicial.

"Se nada mudou na estrutura da proposta [em relação à oferta anterior], é inadmissível aceitá-la. Não é possível aceitar uma proposta de calote", disse o coordenador da associação TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), Márcio Marsillac.

Ele se refere à proposta apresentada no começo do mês pela VarigLog, que previa a compra da Varig por US$ 350 milhões. A proposta previa a divisão da Varig em duas partes –a operacional e a endividada– e a demissão de 50% da folha de pagamento. "Não é a diferença de US$ 50 milhões que faz a proposta ser aceitável ou não."

Segundo Marsillac, a VarigLog havia indicado que usaria US$ 50 milhões para pagamento das rescisões trabalhistas. "Além do valor ser insuficiente [para as indenizações], não cobre o valor da Varig. Porque é isso que eles estão fazendo, comprando a Varig por US$ 50 milhões."

Marsillac afirmou que o valor de venda da Varig precisaria chegar a US$ 600 milhões, no mínimo. "Existem estudos que apontam que o valor da empresa, com todas as suas linhas internacionais, poderia chegar a US$ 2 bilhões."

O Sindicato Nacional dos Aeronautas também criticou a proposta da VarigLog para compra da companhia aérea. Para a presidente do sindicato, Graziella Baggio, a proposta da VarigLog de dividir o capital da Varig com os funcionários e ceder espaço no conselho de administração não soa bem.

"Nunca ouvi que eles [VarigLog] quisessem ser sócios dos empregados. O que eles devem estar querendo é oportunamente trocar o passivo trabalhista por capital acionário", disse Baggio. "Não há garantia de pagamento para os credores, pois a responsabilidade ficará com a empresa endividada e não da nova", disse Baggio.

Além disso, a VarigLog quer reduzir a folha de pagamento, de R$ 33 milhões mensais, pela metade. Para isso, precisaria cortar 2.900 dos 9.800 funcionários da Varig.

Baggio se reúne na segunda-feira com a diretoria da VarigLog para avaliar a nova proposta de compra da Varig. Entre as novidades da proposta está o compromisso da VarigLog de garantir o pagamento das milhas acumuladas no programa de fidelidade da Varig e de assegurar as passagens já compradas.

Apesar de todas as garantias, a proposta não tem nenhum efeito se não for aprovada pelos credores da Varig, pela Anac (Agência Nacional de Aviação) e pela 8ª Vara Empresarial –responsável pela análise de processo de recuperação judicial da Varig.

A VarigLog foi comprada pela Volo do Brasil –uma sociedade de propósito específico criada para atuar no segmento da logística de transportes. A Volo do Brasil é resultado de uma associação entre os empresários brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luis Eduardo Gallo com o fundo de investimentos norte-americano MatlinPatterson.

A Volo do Brasil detém 95% do capital votante da VarigLog, empresa que possui mais de 47% do mercado doméstico e de quase 32% do mercado internacional de carga.

Fonte: Folha Online