Repórteres Sem Fronteiras denunciada na França

Artigo do jornal Granma Internacional denuncia mais uma ação de Robert Ménard, o diretor da ONG Repórteres Sem Fronteiras, no sentido de esconder da opinião pública internacional que sua organização é finan

Por Jean-Guy Allard*

O Secretário perpétuo da Repórteres sem Fronteiras (RSF), Robert Ménard, que pretende passar por defensor da liberdade de imprensa, acaba de ameaçar publicamente de processar ante os tribunais o pesquisador e escritor francês Máxime Vivas, por tê-lo denunciado como cúmplice do Departamento de Estado dos EUA, no jornal parisiense Metro.

Na edição de 6 de abril, na página 5, o jornal publicou uma ampla entrevista com Vivas, intitulada "Le Sud, front de refus" (O sul, frente de resistência) onde expressa, entre outras coisas, que a RSF recebe importantes verbas de organizações-fantasmas ligadas à CIA. No dia seguinte, aparentemente traumatizado pela divulgação de tamanha verdade na imprensa francesa, que pretende controlar, Ménard exigiu a publicação de um texto onde denuncia Vivas para depois ameaçá-lo de levá-lo ante os tribunais.

Ante este ultimato, a multimilionária maquinaria de Ménard quis silenciar o escritor que, por outro lado, está exigindo contas à União Européia sobre seus subsídios ao grupo. Mas, Vivas respondeu à RSF com uma carta aberta onde expõe com detalhes argumentos fortemente documentados.

Quanto ao tema do dinheiro de Bush, o pesquisador lembra Ménard e seu grupo que, num artigo do Guiad Reporter, em 11 de março de 2005, a californiana Diana Barahona revelava como a RSF recebe verbas governamentais americanas através da National Endowment for Democracy (NED) — veja artigo em http://www.newsguild.org/gr/gr_display.php?storyID=2213. "A advogada de Direitos Humanos Eva Golinger informou que mais de 20 milhões de dólares foram entregues pela NED e pela USAID a grupos da oposição e à mídia privada da Venezuela que participou do golpe de Estado contra Chávez. Em janeiro de 2005, a NED outorgou à RSF, aproximadamente, US$ 40 mil", escreveu Barahona.

Vivas também menciona o ex-oficial da CIA Philip Agee, que numa entrevista com o jornalista Jonanh Gindin, em 25 de março de 2005, revelou que a NED trabalha com a CIA. Na Nicarágua, por exemplo, "a CIA e a NED criaram uma frente cívica chamada Via Cívica".

Depois assinala que, desde 2002, o Center For a Free Cuba, criado para derrubar a Revolução Cubana com verbas públicas e liderado por Frank Calzón, cuja trajetória é bem conhecida, também outorga verbas à RSF.

O pesquisador precisa como no próprio site da RSF, num texto com data 8 de julho de 2005, se pode ler: "…os únicos subsídios que recebemos dos EUA são os das fundações Center for a Free Cuba e National Endowment for Democracy (NED)”. Vivas acrescenta que também no site se pode achar uma relação dos patrocinadores: a Open Society Institute de George Soros.

Por que a RSF oculta estes patrocinadores ao leitor do Metro?

O dossiê RSF continua aumentando

Entretanto, as informações que demonstram a cumplicidade de Robert Ménard com os órgãos norte-americanos de inteligência continuam se acumulando. Ao mencionar o Center for a Free Cuba e a NED como seus únicos patrocinadores, Ménard mente por omissão… e sabe perfeitamente o que está fazendo.

O último relatório fiscal da RSF nos Estados Unidos revela que as últimas tentativas para conseguir doações privadas procedentes de organizações caritativas, infelizmente goraram, pois apenas receberam US$ 75 mil, dos quais 40 mil procedem da empresa telefônica Working Assets. Todo o dinheiro do Departamento de Estado sai diretamente para França e as verbas para subsidiar o pessoal e os escritórios da RSF nos Estados Unidos são depois enviadas de Paris.

O dinheiro enviado ao Center for a Free Cuba e à NED, desde 2002, soma US$ 215 mil, insuficiente para pagar os custos da representação que a RSF mantém no território norte-americano. Tem que existir, então, outro financiamento.

O relatório fiscal norte-americano da RSF está preparado por uma prestigiosa firma de Alexandria, na Virgínia. Algo incomum para uma organização que pretende parecer não-governamental.

Uma especialista do tema, consultada pelo Granma Internacional, fez um comentário significativo: "Os custos de operação da RSF são incrivelmente altos para uma organização com este nível de receitas…".

Consultada, há poucos dias, na Califórnia, por este semanário, Diana Barahona, sem dúvida a pesquisadora que mais sabe sobre este tema da RSF, lembrou que em 2002 Otto Reich foi utilizado de novo pelo Departamento de Estado para organizar o golpe contra Chávez (na Venezuela) e a derrubada de Aristide no Haiti.

Reich é um “exilado cubano com longa história criminosa, um fideicomissário do Center for a Free Cuba e foi ele que coordenou com Robert Ménard para distribuir o dinheiro do Departamento de Estado à Repórteres sem Fronteiras”, destacou.

O vínculo cada vez mais estreito da RSF com a rede de agências norte-americanas que se dedicam à desestabilização de países que não se subordinam aos interesses de Washington explica as angustias de Ménard ante a denúncia publicada pelo diário parisiense Metro. Contudo, ainda há muito mais que dizer.

Entretanto, Máxime Vivas continua esperando uma resposta de seu pedido à União Européia para que o caso da RSF seja investigado, organização à qual a União Européia tem pago até agora mais de 1,2 milhões de euros. Segundo Ménard, a RSF tem agora um orçamento anual de mais de 5 milhões de euros.

*É jornalista do Granma

Fonte: Granma Internacional