Dia do Índio é marcado por festas e reflexões

Hoje, dia 19 de abril, é o Dia do Índio no Brasil. Dia de comemorar a resistência dos povos indígenas, que vêm lutando incessantemente contra a destruição da sua cultura e pela manutenção de suas tradi&ccedil

De acordo com o Relatório Situação da Infância e Adolescência Brasileiras, cerca de 50% dos índios brasileiros vivem fora de territórios indígenas. Mas, segundo a Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda), a situação das crianças indígenas é ainda mais delicada, em especial no estado do Paraná. 

Vítimas da falta de demarcação adequada das terras, da invasão de madeireiros, garimpeiros e fazendeiros, crianças e adolescentes indígenas vão parar na cidade, onde perdem a identidade e sofrem uma série de conseqüências. Os meninos e meninas que continuam nas tribos são muitas vezes prejudicados pela presença do homem branco em suas vidas, que interferem na cultura, saúde e educação.
 

Segundo especialistas, cuidar do bem-estar dessa população requer cuidados especiais. Os conhecimentos da medicina popular devem ser aproveitados e valorizados, porque além de respeitarem as tradições dos povos, possuem custos mais baixos. Por essa razão, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) prioriza as atividades de prevenção, além do diagnóstico e tratamento.

Entretanto, alguns povos indígenas – como os kaingangs -, sofreram grande aculturação durante o processo de urbanização. Em virtude do contato cada vez mais constante com a população urbana, ficaram mais vulneráveis a muitas doenças. Quando têm gripe forte, por exemplo, precisam ir ao posto de saúde ou receber a visita de um médico.
 

Além disso, os pequenos índios também enfrentam dificuldades na hora de estudar. Nas escolas convencionais, não aprendem sobre a história e a cultura de seu povo. Esse descaso influi na baixa perspectiva da criança e do adolescente, que passam a se sentir desvalorizados. Em alguns casos, chegam a renegar sua própria cultura e identidade.

Devido a essa desesperança e falta de perspectivas de um dia ter uma vida melhor, muitos indígenas chegam ao suicídio, como mostra o Relatório da Situação da Infância e Adolescência Brasileiras. Em 15 anos, até o lançamento do relatório, em 2002, 300 jovens Guarani-Kaiowá optaram por acabar com a própria vida.

De acordo com dados do Censo Demográfico de 2000, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 64% dos índios de quatro a seis anos não freqüentam a escola. Destes, 30,92% estão na faixa etária dos sete aos 14 anos e não são alfabetizados. Dos 12 aos 17 anos, 27,93% dos índios não freqüentam a escola e 15,18% não são alfabetizados.
 

Das 28.220 matérias jornalísticas pesquisadas pela Ciranda em 2004, apenas 527 faziam menções a questões de raça ou etnia. Destas, uma citou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e 501 abordaram o tema de forma fatual.

No total, foram 167 textos sobre meninos e meninas indígenas, sendo 66 relacionados com o acesso ao ensino superior. Os dados revelam a existência de um abismo entre crianças e adolescentes brancos, negros ou índios, moradores da zona rural ou urbana, que pertencem a famílias de diferentes níveis econômicos, entre outras características específicas. O esforço da sociedade é, portanto, fundamental para solucionar os estragos causados pela falta de oportunidades iguais de desenvolvimento.

Festa

No litoral paulista, o Dia está sendo comemorado com festa. A cidade de Bertioga, considerada capital nacional do Índio, está sediando a 6ª Festa Nacional do Índio, organizada pela prefeitura. Durante os cinco dias de atividades estarão presentes cerca de 500 índígenas de 11 etnias vindos de vários estados. Estão previstas exposições de artesanato, fotografias, culinária, atividades esportivas, além de seminários sobre a diversidade cultural indígena.

Representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão ligado ao governo federal, participam de palestra sobre saúde indígena. O objetivo é orientar os índios sobre prevenção da aids e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Na sexta-feira (21), Marcos Terena, articulador dos Povos Indígenas na Organização das Nações Unidas (ONU), coordena um fórum sobre juventude e a ecologia.

Segundo a prefeitura, só no ano passado, cerca de 120 mil pessoas passaram pelo evento. Foram convidados para a 6ª Festa Nacional do Índio representantes dos povos Assurini (PA), Kaiapó (PA), Gavião (PA), Bororo (MT), Paresi (MT), Yawalapiti (MT), Terena (MS), Iratxe Manoki (MT), Karajá (TO), Xerente (TO) e Guarani (SP). A entrada é gratuita.

Futebol

Em Brasília, a Seleção Indígena de Futebol (SIBF) disputa hoje, às 16 horas, no Estádio Mané Garrincha, uma partida amistosa contra a seleção do Distrito Federal. O jogo marcará também o encerramento da Conferência Nacional dos Povos Indígenas, que começou na semana passada.

A SIBF é uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o esporte entre os jovens atletas indígenas. Criada durante os anos 90, a seleção é composta por índios das etnias Xavante, Fulni-ô, Terena, Karajá, Kaiapó, Gaviões, Xerente, Pankararu, Potiguara, Xucuru-Xocó, Xingu e Bororo. Desde sua criação, a SIBF fez aproximadamente 14 jogos, conquistando dez vitórias e quatro empates.

Da Redação
Com informações da Adital e Agência Brasil