Haroldo Lima defende manutenção dos leilões para exploração de petróleo
Na avaliação do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Lima, o fim do monopólio da exploração do petróleo contribuiu para que o país conquistasse
Publicado 21/04/2006 19:50
Em entrevista à Agência Brasil, o diretor da agência enfatizou que "é preciso garantir uma produção crescente para que esta auto-suficiência não venha a ser ultrapassada pelo crescimento do consumo. Com este objetivo é que são realizados os leilões de áreas por parte da ANP".
Ele lembrou que "quando houve a flexibilização, nós procuramos manter a força, o poder e a potencialidade daquela que é a maior empresa brasileira. Se a flexibilização tivesse levado a Petrobras ao enfraquecimento, como acreditavam os críticos, esta auto-suficiência não estaria acontecendo. Havia inclusive o receio de que a Petrobras seria privatizada, o que felizmente não aconteceu. Ao contrário: as empresas estrangeiras vieram para o país, a maioria em associação com a própria Petrobras, fortalecendo ainda mais a estatal. Hoje nós temos 57 empresas concessionárias da ANP atuando em exploração e produção no Brasil – a maioria empresas internacionais".
Para Haroldo Lima, "não há dúvida de que a Petrobras cresceu muito depois dos leilões. Antes deles, ela não tinha um prazo estipulado, um cronograma de exploração, anúncio da viabilidade econômica e desenvolvimento da produção. Se isto não ocorre a empresa corre o risco de ter até de devolver as áreas sob sua concessão". Ele destacou que "esta exigência faz com que nenhuma empresa fique mais sentada em cima de jazidas de petróleo. Todo mundo está correndo atrás, inclusive a Petrobras. O ritmo de trabalho que a estatal passou a adotar após a flexibilização foi muito grande".
Lima defendeu a manutenção dos leilões de bacias para a ampliação da produção. Ele destacou que apenas 7% das bacias sedimentares do país são exploradas atualmente e que talvez apenas 10% sejam conhecidos de um total de 4,8 milhões de quilômetros quadrados de bacias. "O que nós precisamos neste momento é fazer com que as empresas novas, e a própria Petrobras, explorem petróleo em áreas até então pouco exploradas. Já existe, por exemplo, a teoria de que embaixo da Bacia de Campos possa existir uma outra bacia da mesma importância e proporção – o que aumentaria muito as nossas reservas", disse.
E enfatizou: "No marco da legalidade, só há um jeito de o país continuar crescendo: através dos leilões da ANP. Se nós não aumentarmos o conhecimento sobre as nossas bacias e ampliarmos o horizonte exploratório, seremos um país se auto-limitando".
O diretor-geral da ANP defendeu também a política de venda do petróleo excedente: "Exportar o excedente faz parte deste processo, até porque nós também precisamos trazer para o país óleo mais leve, para ser misturado ao nosso petróleo bruto e viabilizar o refino".
Da Redação