Arthur Virgílio ataca Evo, Lula e ''ideologia superada''

O debate sobre a nacionalização do petróleo e gás na Bolívia promete chegar ao Senado na próxima quinta-feira (4), pela mão do líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM). A Comissão de Renações Exteriores (CRE) j

“Foi fruto de uma ideologia superada essa suposição de que seria boa para o Brasil a eleição dessa figura nacionalista e atrasada”, comenta o líder tucano, atingindo na mesma frase Lula e Evo. Ele diz que vai atualizar o relatório da mensagem presidencial de indicação do próximo embaixador brasileiro na Bolívia, Frederico Cezar de Araújo, que será examinada durante a reunião da CRE.

“Vou perguntar ao embaixador indicado quais serão as atitudes da diplomacia brasileira no sentido de reaver o capital investido pela Petrobras na Bolívia e de garantir o abastecimento de gás ao nosso país”, disse ainda Virgílio, em entrevista à Agência Senado.

Ojeriza a “companheiros”

Sempre de marcação com as origens proletárias de Lula, Virgílio atribuiu a "uma ingenuidade" a simpatia que este demonstra pelo novo presidente boliviano – também um ex-sindicalista. O novo embaixador não irá a um "convescote com o companheiro Morales", provocou ainda o senador.

Não é só no Senado. "A decisão da Bolívia é a gosta d'água que faltava para mostrar a falência da desastrosa política externa brasileira", investiu o deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP). E emendou uma análise geopolítica: "A grande liderança da esquerda latino-americana é Chávez. Agora o Brasil se vê na situação humilhante de ter que pedir ajuda ao ditador venezuelano para impedir que o presidente da Bolívia mantenha a ocupação da Petrobras."

Também não é só o PSDB. O deputado Eliseu Resende (PFL-MG) quer levar para a justiça a decisão soberana da Bolívia. "A Petrobras deve agir na esfera judicial. A OMC deve arbitar essa questão. Certamente o governo brasileiro vai tentar interceder, mas será muito difícil ter sucesso apenas na área política", disse o deputado à Folha Online.

O bloco conservador faz soar os clarins

Ninguém recorda que a decisão de fazer a Petrobras investir na Bolívia e construir o gasoduto Tarija-São Paulo foi do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Na época, acreditaram que era um grande negócio, oferecido pelo presidente entreguista boliviano, Sánchez de Losada. Oito anos depois, Sánchez de Losada, apelidado “el Gringo”, fugiu de helicóptero do palácio presidencial, rumo a Miami. O que a Bolívia faz agora é apenas retomar o que já foi tentado por duas vezes (em 1937 e 1969), recuperar o controle sobre o seu principal recurso natural.

Pouco importa. O bloco conservador oposicionista-midiático cerra fileiras mais uma vez, em meio aos clarins de guerra e chamamentos nacionalistas contra a “ameaça boliviana” (sic), como a classificou já na semana passada um editorial do Estado de S. Paulo. E o exame da indicação do embaixador Cezar de Araújo promete assumir um contorno que ninguém imaginava.

Com agências