Eleições 2006: A união dos centro-esquerda

O primeiro passo para uma aliança de centro-esquerda no Distrito Federal foi dado no último dia 26 de abril. Reunião com representantes do PDT, PCdoB e PP, em Taguatinga, mostrou que os partidos devem estar juntos nas eleições

"A gente só não fecha enquanto não definir a situação nacional", completou o senador Cristovam Buarque, pré-candidato do PDT à Presidência da República.

O encontro ocorreu na casa de Benedito Domingos, presidente do PP no DF, em Taguatinga, e durou aproximadamente 30 minutos. Estavam presentes, além de Agnelo, Domingos e Cristovam, Ezequiel Nascimento, pré-candidato ao governo do DF pelo PDT, e Apolinário Rebelo, presidente do PCdoB no DF.

"Temos objetivos em comum, queremos as mesmas coisas para Brasília", disse Apolinário.

Apesar de mostrarem entusiasmo por uma aliança de centro-esquerda, os partidos sabem que primeiro deve ocorrer a definição das candidaturas nacionais. Se o PDT mantiver o nome de Cristovam Buarque para concorrer ao Palácio do Planalto, e o PCdoB se coligar com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, a frente acaba inviabilizada.

Mesmo assim, os dirigentes partidários estão confiantes. "Nós vamos marchar juntos no Distrito Federal", confirmou Cristovam.

Cenário nacional

A confirmação da frente política vai exigir uma boa dose de negociação entre os três partidos. Na terça-feira (25), Ezequiel Nascimento descartava qualquer possibilidade do PDT abrir mão da candidatura ao GDF. Ontem, entretanto, ele mudou o discurso, afirmando que a sigla vai esperar a definição do cenário nacional.

Depois de formalizada a união, será a hora de buscar apoio em outras legendas, especialmente as pequenas. "Vamos conversar com PL, PSB e PHS", contou Ezequiel. Os próximos da fila nas conversas serão PV e PPS. Para Cristovam, a aliança que se alinha não foi "inventada". "Foi com o apoio do Benedito que eu me elegi senador em 2002. Inventada foi a regra da verticalização."

Segundo o presidente do PDT-DF, essa é a primeira de uma série de reuniões que as três siglas devem fazer nas próximas semanas. Ficou definido que em 15 dias um seminário será organizado no Plano Piloto para definir o que Benedito Domingos chamou de "projeto alternativo para Brasília". "O continuísmo não é bom. Queremos saber quais são os interesses do Distrito Federal", explicou.

Dos três partidos, o que tem situação mais confortável é justamente o PP. Já que a orientação da cúpula nacional é de não lançar candidato à Presidência, a sigla fica à vontade para escolher quem apóia nos estados.

Cabeça de chapa

Ao final do encontro, ficou claro que uma coligação de partidos de centro-esquerda com a presença do PT está cada vez mais distante. Na reunião foi confirmado que a única maneira de coligação no Distrito Federal é da deputada distrital Arlete Sampaio abandonar sua pré-candidatura ao GDF. "Gostaríamos que o PT estivesse com a gente, mas sem a cabeça de chapa", disse Cristovam.

A impressão geral entre os presentes era que, ao insistir em ter Arlete Sampaio como candidata ao Palácio do Buriti, o PT provocou a antipatia imediata de aliados em potencial. Agnelo, que teria a preferência do presidente Lula, prefere ter os petistas como vice. Benedito, presidente distrital de um dos partidos que formam a base aliada no Congresso, limita-se a dizer que em política "tudo é possível".

"Eu tentei fazer com que Benedito estivesse no governo por forma de reconhecimento do que ele fez no DF por Lula. Infelizmente ele não foi reconhecido pelo PT", disse Cristovam.

Fonte: Correio Braziliense