Haroldo Lima e Jandira Feghali defendem relação Brasil-Bolívia

A estabilidade política da América do Sul e a defesa do governo Evo Morales é o que deve nortear as negociações entre o governo brasileiro e boliviano no episódio da estatização do gás e petróleo na Bolívia. A&nbs

Para as negociações, ele defende como melhor intermediário, um representante do Estado brasileiro para fechar "acordo de companheiros".

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) concorda com Haroldo, com quem conversou longamente sobre o assunto, nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde o tema dominou as preocupações das autoridades brasileiras.

"Sob ponto de vista do governo, o Brasil deve sentar e conversar e passar a nossa experiência para ajudar o governo boliviano a tomar o caminho mais justo e correto", diz Jandira, afastando a idéia de rompimento "dessa articulação de integração da América do Sul que vem sendo construída".

Ajuda brasileira

Na avaliação de Haroldo Lima, "a Bolívia precisa de ajuda para encontrar o seu próprio caminho e pode usar o exemplo brasileiro para isso".

Ele defende que o Brasil transmita à Bolívia a nossa experiência e possa contar com ajuda da Petrobrás para criar uma estatal forte que deveria ser regulamentada por uma agência, responsável em regulamentar também as demais empresas privadas pequenas.

O presidente da ANP lembra que a Bolívia não tem capital, tecnologia e mercado para fazer isso sozinha. Mas destaca que, "nas negociações, a Petrobrás vai ter que ceder um pouco para que a Bolívia possa resolver esse imbróglio".

Interesses da Petrobrás

Jandira também acredita que o Brasil pode ajudar a Bolívia, ao mesmo tempo, defende uma atitude da Petrobrás em defesa de seus interesses. "A Petrobrás como empresa brasileira tem que buscar os seus interesses nesse processo. Uma coisa é a relação de Estado e outra é o investimento de um milhão de dólares da empresa que não pode perder recursos e nem estrutura", afirma.

Ela lembra que o Brasil é um dos maiores consumidores do gás boliviano e que não é interessante para a Bolívia perder o mercado brasileiro. "Isso deve importar em uma relação cautelosa", sugere, acrescentando que "as conversas devem ter a preocupação de preservar os seus direitos – a partir daí começam as negociações".

Atitude compreensível

Para Jandira, "a decisão do presidente Evo Morales é coerente com seus compromissos de campanha". Ela descreve a situação da Bolívia – o país mais pobre da América do Sul – para justificar a atitude do presidente boliviano: "É um povo que está paupérrimo, desestruturado, sem aceso a bens de consumo e cidadania, um país desmontado pelos governos anteriores".

A parlamentar comunista considera "compreensível que ele (Morales) tenha buscado numa atitude de soberania responder a essa demanda social e cumprir seu compromisso, lembrando mais uma vez que "o principal compromisso de campanha era exatamente tomar em suas mãos os seus insumos naturais a favor do seu povo".

Haroldo Lima também define a atitude de Evo Morales como "tentativa de colocar as suas riquezas a serviço do seu povo", mas critica a ação de ocupação das empresas estatais estrangeiras pelo Exército como "bravata".

De Brasília

Márcia Xavier