Bush nomeia militar para chefia da agência de espionagem

O chefe da Casa Branca, George Bush, nomeou hoje (8/5) o general da Força Aérea Michael Hayden como novo diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), um cargo que deve ser confirmado pelo Senado.

A possibilidade de Hayden ser designado para dirigir a CIA causou preocupação durante o fim de semana entre vários membros do Congresso que não aprovam que quase todos os serviços de espionagem dos EUA estejam agora nas mãos de oficiais do exército.

Fontes da Casa Branca indicaram que, para acalmar os ânimos dos deputados oposicionistas, o líder americano afastará do cargo de subdiretor da CIA o vice-almirante Albert Calland, que está no posto há menos de um ano.

O Pentágono controla atualmente quase 80% dos orçamentos dos serviços de espionagem dos Estados Unidos, e os meios de comunicação americanos vêem a luta por postos na CIA como uma disputa de território entre o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e Negroponte.

Hayden, que já foi diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), é atualmente o segundo na Direção Nacional de Inteligência, cujo titular é John Negroponte.

Demissão sem motivos

A nomeação do militar acontece pouco depois da demissão de Porter Goss do cargo de chefia da CIA, que na última sexta-feira anunciou sua demissão, sem esclarecer os motivos.

De acordo com Bush, o vice-diretor nacional de espionagem, que supervisionou o desenvolvimento de operações ilegais por meio de fontes humanas e tecnolóficas, tem amplas condições de dirigir a CIA.

O líder americano exortou o Senado a aprovar a nomeação do militar, como fez no ano passado, quando foi designado para um cargo logo abaixo de John Negroponte, o chefão da "inteligência" americana.

Líderes republicanos no Congresso criticaram ontem a nomeação, por causa da vinculação de Hayden a um controvertido programa de espionagem doméstica implementado pelo regime Bush.

"Má escolha"

Hayden dirigia a NSA quando o mandatário pôs em prática o polêmico plano de monitoração de conversações telefônicas e mensagens eletrônicas dirigidas aos americanos.

"Considero uma má escolha, em um mal lugar e em má hora", cirticou o deputado republicano Peter Hoekstra, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes. Segundo sua opinião, a chefia da agência civil não deve ser ocupada por um militar.

Hoekstra considera que vários oficiais já dirigiram a CIA em outras épocas, mas isso não deveria ocorrer agora, quando a própria Agência se defende dos esforços que o Departamento de Estado vem fazendo para aumentar suas atividades de "inteligência".

O parlamentar relembrou as contínuas tensões entre a cúpula militar e a CIA. Ao fazer referência ao tema, a senadora democrata Dianne Feinstein reiterou que não acha inaceitável um militar controlar os aspectos principais da inteligência.

A comissão bipartidária que investigou em 2004 os ataques de 11 de setembro de 2001 fez duras críticas à CIA, serviço que também foi muito criticado por causa dos falsos informes sobre o inexistente programa de armas de destruição em massa do Iraque. Vários oficiais sediados em Langley, a sede da CIA, renunciaram aos cargos após as denúncias e os escândalos que abalaram a agência americana, como o caso das prisões secretas que agência manteria no exterior.

Com agências internacionais