Rússia faz acordo com Brasil e paga dívida

Desde o fim da União Soviética, a estrutura econômica da Rússia vem passando por profundas modificações. Uma das principais é a que ocorre no sistema financeiro, cujas transformações passam pelas cerca de duas mil instituições que operam naquele país e no

O acordo será firmado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, que está em Moscou. O secretário-executivo do BC, Milton Luiz de Melo, explicou que o memorando vai permitir que o BC e bancos russos tenham acesso a detalhes do regime de metas de inflação, Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP) e fiscalização das normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), entre outros. "É uma troca de experiências para a implementação da política macroeconômica e monetária", resumiu.
Melo explica que o BC russo tem muito interesse em conhecer o regime de metas usado pelo Brasil. Segundo ele, há uma meta de inflação anual de 9% na Rússia. "A inflação está entre 11% e 12%. Não há estrutura e mecanismos (para assegurar o cumprimento da meta). Eles não têm um Copom", comparou. Outro foco de interesse trata da tecnologia bancária. "O estatal Sberbank é um bom exemplo. É um banco gigantesco, tem mais de 1,5 mil agências, mas está em estágio tecnológico rudimentar", diz o secretário-executivo.
Mas se de um lado os russos têm interesse em normas e tecnologia do Brasil, os brasileiros estão de olho nos petrodólares da Rússia. Atualmente, o país tem cerca de US$ 240 bilhões em reservas internacionais, principalmente vindos do petróleo e gás. O valor é quatro vezes maior que as reservas brasileiras, que atualmente estão em cerca de US$ 60 bilhões. "Há interesse dos bancos russos em aumentar o financiamento para o comércio exterior", disse, ao citar que a visita deve favorecer o contato entre os bancos, o que pode gerar negócios no futuro.
Clube de Paris
Com todo esse dinheiro em caixa, a Rússia decidiu reembolsar antecipadamente os US$ 22 bilhões da dívida que tem com os países do Clube de Paris, que reúne os principais credores públicos. O grupo explicou em comunicado que ao término das "discussões preliminares" seus membros "aceitaram" abrir "negociações sobre um acordo multilateral que determinaria as principais condições desse reembolso antecipado" em sua sessão de junho. Uma vez que se alcance esse compromisso e de acordo com as normas deste grupo de credores, cada país-membro poderá realizar uma negociação bilateral com a Rússia.
O Clube de Paris informou que "uma maioria dos credores já indicou sua vontade de aceitar a proposta da Rússia". No total são 17 os países do grupo aos quais a Rússia deve dinheiro: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Japão, Noruega, Holanda, Reino Unido, Suécia e Suíça. Há um ano, a Rússia assinou um primeiro acordo de pagamento adiantado de uma parte de sua dívida, que se concretizou com o abono de US$ 15 bilhões em meados do ano passado.

Com agências