Senado dos EUA aprova construção de muro na fronteira

O pensamento reacionário nos EUA vem avançado a passos largos. Ontem o Senado aprovou uma emenda que prevê a construção de um muro de 595 quilômetros ao longo da fronteira com o México. A emenda aprovada por 8

Proposta pela direita republicana, cujo partido é a maioria nas duas casas que compõem o Congresso, a medida conta com o amplo apoio do presidente impopular George W. Bush e dos setores da direita fascista norte-americana. Um exemplo é a outra emenda que foi aprovada no mesmo dia, que exclui de "eventuais programas de legalizações" os estrangeiros com antecedentes criminais. É a nova versão do arianismo.

A emenda, proposta pelos senadores republicanos Jon Kyl (do Arizona) e John Cornyn (do Texas), exclui imigrantes ilegais que tenham sido condenados por um delito grave ou por três delitos menores. Mas não é só. Resta ainda debater cerca de dez emendas relativas à questão migratória, que o Senado pretende aprovar até o final do mês.


Enquanto os senadores estavam reunidos, centenas de manifestantes – entre norte-americanos e imigrantes, legais e ilegais – protestavam em frente à Suprema Corte e ao Congresso denunciando o teor preconceituoso das medidas e reivindicar mais direitos para os trabalhadores estrangeiros que vivem no país.
Os manifestantes fizeram o dia nacional de mobilização para pressionar a legalização dos estrangeiros em reuniões com legisladores. Mais de 500 religiosos, sindicalistas, cidadãos americanos e estrangeiros de 20 estados reuniram-se com deputados e senadores.


"Queremos viabilizar a cidadania para os imigrantes que já estão no país. Um programa de trabalhadores temporário para que no futuro as pessoas possam vir de forma segura e ordenada, e um programa que proteja os trabalhadores da exploração", explicou Cory Smith, porta-voz da coalizão We are America, que organizou a mobilização. Os manifestantes também pedem uma mudança nas leis que permita a união de pais e filhos separados porque uns são cidadãos americanos e outros não, além de garantias de um processo justo para os imigrantes, acrescentou o dirigente.

Injustiça


Um dos manifestantes em Washington é o mexicano Mario Ledesma, que tem 56 anos e chegou aos Estados Unidos ilegalmente em 1984. Dois anos depois ele foi beneficiado pela anistia decretada pelo ex-presidente Ronald Reagan. "Sei o que é ser ilegal (…) sair para comprar alguma coisa e não voltar para casa. Também sei das injustiças cometidas por muitas pessoas que pagam salários de fome e, muitas vezes, não pagam", contou antes de se reunir com senadores pela Califórnia.


"Sei o que é viver em um quarto com 10 ou 15 pessoas para pagar menos aluguel, o que são patrões que se aproveitam dessa situação para explorar os ilegais, que não pagam hora extra", denunciou Ledesma, que hoje possui o green card, trabalha no setor de construção e vive no deserto da Califórnia a 240km da fronteira com o México.


Em busca do tão necessário apoio que precisa, e que cada vez menos tem, Bush anunciou na última terça-feira que irá enviar seis mil militares para a fronteira. Foi uma declaração que tinha como claro alvo o setor conservador no país, radicado principalmente entre seus poderosos e ricos conterrâneos do oeste.

Os manifestantes também promoveram atos no Congresso e na Casa Branca contra o projeto de lei aprovado em dezembro pela Câmara dos Representantes, que criminaliza os imigrantes ilegais. Apesar do protestos em massa em todo o país desde o fim de março, o cenário político é favorável a implementação dessas políticas.

Da Redação,
Com agências.