CUT exige demissão de secretário de Segurança Pública de SP

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) não tolera mais Saulo de Castro Abreu Filho. O truculento secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP) foi um dos responsáveis pela escalada de criminalidade que tomou conta do estad

A demissão de Nagashi Furukawa, secretário Administração Penitenciária até sexta-feira (26/05), foi vista como uma vitória de Saulo nos bastidores do governo Lembo. Mas o impasse e a insegurança continuam, reforçam a CUT. “A saída de Furukawa não resolve o sério problema de falta de comando e falta de política de segurança para o Estado”, informa a matéria. Para a maior central sindical do Brasil, é preciso demitir Saulo também.

“Seu afastamento do cargo se faz necessário e com urgência. Durante os dias mais críticos dos ataques da facção criminosa, o secretário se mostrou inepto para o exercício do cargo, deu declarações desastrosas à imprensa e à população e passou insegurança no comando da polícia.” A CUT lembra um dos momentos mais ridículos e constrangedores da gestão Saulo: “No sábado, após a madrugada de ataques, [Saulo] afirmou em entrevista coletiva que ‘tudo estava sob controle’, só não especificou sob controle de quem, porque os ataques continuaram e se intensificaram naquele final de semana”.

Fiasco às claras –
Alinhado com o autoritarismo tucano, Saulo de Castro Abreu Filho assumiu, em janeiro de 2001, a presidência da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Um ano depois, foi nomeado secretário de Segurança Pública por Geraldo Alckmin. Uma e outra gestão foram marcadas por autoritarismo, descaso com os direitos humanos, discursos moralistas e, sobretudo, pouca eficiência. Com 7.600 adolescentes em suas 68 unidades, a Febem não tem medidas socioeducativas adequadas, nem programas bem-sucedidos de prestação de serviço à comunidade.

Já a desastrosa atuação de Saulo como secretário ficou clara neste mês, com a eclosão da maior crise de segurança da história de São Paulo. Entre os dias 12 e 18 de maio, os 293 ataques atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) deixaram 125 mortos. Uma megarrebelião atingiu 87 unidades prisionais do estado, entre penitenciárias, centros de detenção provisória e cadeias. Dezoito detentos morreram.

Segundo a CUT, “Saulo de Castro também não explicou o conteúdo da conversa e do acordo feito com Marcola, chefe da facção criminosa e ainda continuam sem explicações muitas das mortes efetuadas pela polícia nesse período. De acordo com a Secretaria de Segurança, em 31 casos das 110 mortes atribuídas a confrontos entre policiais e supostos criminosos não foi possível confirmar o envolvimento das vítimas com atividades ilegais”.

O Carandiru, de novo
– Para a CUT, “apesar de as circunstâncias serem diferentes, é quase impossível não associar os recentes episódios à lembrança do massacre do Carandiru, ocorrido em outubro de 1992, quando 111 presos foram assassinados”.

A central justifica que, “na repressão aos ataques ocorridos em São Paulo nos últimos dias, foram constatadas diversas execuções, ou seja, mortes com tiros pelas costas a curta distância e na nuca, configurando que não houve confronto. Foi comprovado, também, que dezenas de vítimas não tinham qualquer envolvimento com o crime organizado, nem sequer ficha policial”.

Ato público –
Diversas entidades da sociedade civil estão convocando para esta segunda-feira, 29 de maio, às 19 horas, o Ato contra a Barbárie, que ocorre na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. O evento contará com as presenças de Hélio Bicudo, Celso Antonio Bandeira de Mello, Fabio Konder Comparato, Plínio de Arruda Sampaio, Sérgio Sérvulo da Cunha e João Pedro Stédile, entre outros.

Por André Cintra,
da redação, com agências