EUA insistem em “livre comércio” baseado na Alca

O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, criticou a posição de segmentos do Congresso dos Estados Unidos que pregam a exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferências (SGP), regime que zera impostos de importação para uma série de pr

Segundo ele, alguns congressistas norte-americanos consideram que grandes países “em desenvolvimento”, como Brasil, Índia e China, não deveriam ter acesso aos SGP. "Outros dizem que o Brasil não deve ter a perspectiva de se beneficiar do SGP porque isso seria um desestímulo ao engajamento do país nas negociações da Rodada Doha (da Organização Mundial do Comércio, OMC)", disse Abdenur. A discussão coincide com a revisão do SGP, que vence no fim deste ano. O embaixador disse que o Brasil, por meio da embaixada nos Estados Unidos e de autoridades, trabalha para garantir a sua permanência no SGP.
Abdenur afirmou que uma parcela substancial dos US$ 3 bilhões anuais que o Brasil vende aos Estados Unidos via SGP é exportada por subsidiárias norte-americanas instaladas no Brasil. Ele avaliou que o sistema é um fator de reforço da competitividade das empresas norte-americanas, inclusive em relação às exportações da China para os Estados Unidos, com quem os norte-americanos tem déficit comercial de US$ 200 bilhões por ano, argumentou o embaixador. "Seria um tiro no pé coibir o acesso ao mercado americano de produtos feitos no Brasil a custo mais barato por filiais de empresas americanas e por companhias brasileiras", afirmou o embaixador.

Ele disse que o caso aberto há alguns anos pelo USTR, o representante comercial dos Estados Unidos, contra o Brasil, relativo a um pedido de exclusão do país do SGP por força de supostos problemas com a pirataria no país, foi encerrado. "O que se coloca agora, até o fim do ano, é a questão da renovação do SGP pelo Congresso", afirmou. Abdenur estimou que o Brasil continuará a ter superávit comercial com os Estados Unidos. Em 2005, o superávit em favor do Brasil foi de US$ 9 bilhões. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, avalia que a perspectiva no comércio Brasil-Estados Unidos não é muita animadora, segundo os números dos primeiros meses de 2006. O crescimento das exportações brasileiras para o mercado norte-americano fica abaixo do crescimento médio das vendas externas totais do país.
Alca
Em visita ao Brasil, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, pediu ao Brasil um aumenta do comércio bilateral e pregou o fortalecimento da parceria entre os países nas Américas como forma de enfrentar a concorrência da China. "Nós devíamos fazer mais negócios juntos nas Américas porque ao não fazê-lo estamos desperdiçando oportunidades de criar empregos e renda", disse Gutierrez. Hoje ele assina acordo com Furlan, que instituirá um mecanismo de consultas informais entre os dois países com o objetivo de dar mais eficiência aos negócios.
O mecanismo contempla quatro áreas: facilitação de negócios, investimentos, etanol e posições em negociações internacionais. Uma primeira reunião, segundo proposta de Furlan, deve ser realizada em setembro. Em novembro, na cúpula de chefes de Estado das Américas, em Mar del Plata, na Argentina, Gutierrez ponderou que, ao não retomar as negociações da Alca, havia se perdido uma oportunidade. "Este poderia ser um grande momento para as Américas se unirem e competir. Há muita discussão sobre o milagre da Ásia e sobre os países do Leste Europeu. Mas poderia haver mais discussão sobre as Américas e como elas podem se integrar para competir com o resto do mundo." Oficialmente, a Alca não consta da agenda entre Gutierrez e Furlan.

Com agências