Rabelo discute o socialismo e o significado da reeleição no Congresso da UJS

“O governo Lula, apesar da herança, foi capaz de alcançar vitórias parciais nesse curto espaço de tempo”, disse Renato Rabelo, presidente do PCdoB, durante a 13ª edição do congresso da União da Ju

Uma aula sobre o socialismo aplicado ao nosso tempo. Este foi o caráter da apresentação que Renato Rabelo, presidente do PCdoB, fez na tarde desta quinta-feira (15) durante o 13º Congresso da UJS, que reúne cerca de 1.300 pessoas em Brasília. Durante cerca de uma hora, jovens vindos de diversos pontos do Brasil e até de outros países – como Canadá, Portugal, Cabo Verde, Paraguai, Argentina e Grécia – ocuparam uma das tendas da UnB para ouvir o dirigente comunista.

 

Após abordar as condições objetivas e subjetivas da nova luta pelo socialismo, Rabelo falou sobre a tática do PCdoB na atual conjuntura, ou seja, a acumulação de forças na intervenção dos movimentos sociais, no debate de idéias e na participação do governo. “No curso histórico contemporâneo, o Brasil acumulou impasses estruturais provindos de períodos antigos e, hoje resultantes do padrão de dominação imperialista-capitalista que se convencionou chamar de neoliberalismo e das implicações políticas do exercício unilateral de poder mundial dos Estados Unidos”, explicou Rabelo. Ele ressaltou que a vitória de Lula representou “a vitória de novas forças políticas e sociais avançadas que nunca tinham alcançado o governo da República”.

 

O dirigente comunista salientou que a acumulação de forças para o PCdoB está calcada em três pilastras fundamentais: apoio e participação no governo nacional de Lula, contribuindo para impulsionar o governo a seguir o caminho da soberania e da democracia; a participação ativa na luta de idéias, reforçando as tendências revolucionárias e progressistas e intervenção incessante na organização  e mobilização do movimento social.

 

Primeiro passo

 

“O governo Lula, apesar da herança, foi capaz de alcançar vitórias parciais nesse curto espaço de tempo”, disse Rabelo, que apontou como exemplos a estabilização da economia, o maior prestígio do país no cenário mundial, a paralisação das negociações em torno da Alca e das privatizações, o fortalecimento das estatais, a elevação no número de empregos formais e a assistência às camadas mais pobres da população.

Essas vitórias parciais, disse Rabelo, “têm enorme importância, no contexto da instabilidade e da forte vulnerabilidade externa”, quando a nação “tendia para a ameaça de insolvência, nervosamente visualizada e esperada objetivamente pelos grandes credores”.

 

No caminho dos avanços

 

Para o dirigente do PCdoB, o primeiro mandato de Lula possibilitou o salvamento do país diante da iminência da crise. No entanto, é preciso ir além. “Um segundo mandato do presidente Lula é necessário para a construção efetiva de um novo poder político e para a concretização de um projeto de desenvolvimento nacional democrático de integração do continente”, o que, segundo Rabelo, seria a “saída do entroncamento que está diante do país: esgotamento do modelo desenvolvimentista denominado “getulista” e superação dos impasses aprofundados pelo modelo neoliberalizante da década passada”.

 

Estrategicamente, o projeto nacional de desenvolvimento deve ser um instrumento de criação das condições para a transição ao socialismo. “Na batalha em curso, o PCdoB luta para que o governo Lula resista de várias formas ao hegemonismo neoliberal, mesmo que não alcance ainda a sua suplantação, mas que sustente e concretize os moldes centrais do novo projeto de desenvolvimento nacional, democrático, de integração regional”.

 

De Brasília,
Priscila Lobregatte