O país se prepara para um embate sem precedentes, diz Berzoini

Na tarde desta quinta-feira 15, o 13º Congresso da UJS recebeu Ricardo Berzoini, presidente do PT, e Walter Sorrentino, secretário nacional de Organização do PCdoB. Na ocasião, Berzoini declarou que uma nova carta, dirigida

“Assim que for superada a questão das coligações, deverá ser feito um documento de Lula para o povo com este viés”, afirmou Ricardo Berzoini, presidente do PT, hoje, quando questionado sobre uma possível nova carta à população brasileira, desta vez focada nos trabalhadores e setores produtivos da sociedade. Além disso, o petista confirmou que o PMDB não terá o candidato a vice-presidente para ficar livre para as eleições estaduais, mas disse que a maioria do partido apóia Lula e que possivelmente o candidato a vice será José Alencar. 

As declarações foram dadas ao Vermelho na tarde de hoje (15) após a participação de Berzoini na conferência Eleições no Brasil e a construção de um modelo de desenvolvimento integrado à América Latina, no primeiro dia do 13º Congresso da UJS, na Universidade de Brasília. Também participou do debate o secretário nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino.

Segundo o presidente do PT, o Brasil vive hoje um dos momentos mais decisivos de sua história. “O país se prepara para um embate sem precedentes”, afirmou. “Nossos adversários tentaram antecipar as eleições para 2005”, disse, referindo-se à onda denuncista encampada pelos setores conservadores da política nacional, apoiados pela pseudo-esquerda. “Resolvemos não entrar no jogo da oposição”, lembrou Berzoini, dizendo que a base das acusações era essencialmente uma questão abstrata, no caso, o discurso da ética. Para Berzoini, o foco da oposição não era o suposto “financiamento de relações políticas”, mas sim a destruição de um projeto diferenciado para o Brasil, o que requer um “enfrentamento ideológico” por parte do PT e das forças que o apóiam. Os setores conservadores, segundo o presidente do PT, “temem que o governo Lula consiga superar a crise política e a herança maldita deixada por FHC” e faça “um segundo mandato qualitativamente melhor que o primeiro”, tendo como base “valores da esquerda”.

O petista disse ainda que a meta é “derrotar a lógica da exclusão”. Ressaltou também que “a luta eleitoral não pode ser apenas contar votos. Deve ser politizada e com participação popular”. No sentido de caminhar rumo a uma aliança que garanta a governabilidade, Berzoini disse que “não se deve ter preconceito ideológico no momento de aglutinar outras legendas, mas é preciso ter clareza de qual é o núcleo” e este núcleo, segundo ele, deve ser de esquerda. “Aqueles que apóiam Alckimin são os mesmos que se mantiveram no poder por 500 anos”, disse, justificando a necessidade de a esquerda permanecer no governo central.

Perspectiva socialista

“Aqui está presente a juventude do Araguaia, que será decisiva nas próximas eleições. Vocês constituem a perspectiva socialista pela qual o PCdoB luta”. Foi com esse discurso incisivo que Walter Sorrentino deu início à conferência. E seguiu explicando que o “Brasil está numa encruzilhada histórica”. Nas últimas duas décadas, disse Sorrentino, “se estancou a perspectiva do desenvolvimento; as classes dominantes se mantiveram no poder” e, com isso, o neoliberalismo tomou força. “Mas em 2002, o povo deu um ‘não’ rotundo a tudo isso. Então, não podemos subestimar a batalha eleitoral”. Para ele, essa é uma luta que continuará “até que possamos fazer do Brasil um país para todos”.

Conforme destacou o dirigente comunista, há dois caminhos que podem ser seguidos em outubro: o do retrocesso, “um velho projeto em nova roupagem”, que tem por base “a inserção subordinada do Brasil no cenário nacional, de joelhos para o norte” ou avançar em direção ao desenvolvimento. “Os tucanos, ao lado do PFL, acreditam na equação menos Estado, mais mercado. O mercado não pode ser o agente organizador de uma sociedade porque isso gera concentração de renda e desigualdade social”.

Segundo Sorrentino, Geraldo Alckimin é um político “pé de chinelo”, que, com sua política de estado mínimo, impôs a São Paulo um cenário deficitário em áreas como educação, saúde, segurança e trabalho.  “Por isso, tem amargado dificuldades em sua candidatura”, disse Sorrentino.

Para uma platéia de centenas de jovens de todo Brasil, Sorrentino enfatizou: “O PCdoB tem lado nessa briga. Estaremos mais uma vez com Luiz Inácio Lula da Silva para barrar a direita”. Mas, advertiu, ainda que o quadro seja favorável, não ser deve partir para a “euforia precoce” e num segundo mandato, “é preciso uma nova perspectiva, no sentido de implementar um projeto nacional de desenvolvimento com inclusão social e soberania”.

De Brasília
Priscila Lobregatte