Escândalo financeiro desacredita política monetária do Japão

A revelação de que a maior autoridade monetária japonesa participa de um fundo cujo gerente foi detido por usar informação privilegiada congelou as esperanças de que o Banco do Japão modifique em breve as taxas de

O presidente do Banco Central japonês, Toshihiko Fukui, reconheceu que em 1999 investiu no "Fundo Murakami" incentivado pela "amizade" com seu fundador, o ex-funcionário Yoshiake Murakami.

Murakami, ex-burocrata do Ministério de Indústria e Comércio, foi detido por suspeita de usar informação privilegiada em negócios.

O envolvimento do presidente do Banco Central, que exerce uma forte influência no rumo da economia, deu munição aos partidos da oposição. Eles pedem a sua demissão e atacam o hegemônico Partido Liberal Democrata (PLD).

Fukui garante que não tocou nos fundos e que pediu sua devolução. Mas a imprensa japonesa revelou que os 10 milhões de ienes (US$ 87 mil) investidos tiveram uma rentabilidade anual de 20% e seus lucros devem rondar os 15 milhões de ienes (US$ 130,4 mil).

As regras do Banco do Japão proíbem que seus funcionários participem de operações que despertem suspeitas do público. Mesmo assim, Fukui manteve seus fundos. Outros diretores do banco renunciaram a seus investimentos ao assumir cargos de responsabilidade na instituição, segundo o "Nihon Keizai".

O escândalo financeiro ameaça paralisar a política monetária neoliberal do governo do primeiro-ministro Junichiro Koizumi. Fukui anunciou em março passado o fim da chamada "política de dinheiro fácil" com juros quase nulos e fortes injeções de liquidez no mundo financeiro. Seu objetivo era atenuar a crise bancária iniciada na década passada.

A subida efetiva das taxas de juros, no entanto, vem sendo adiada, como desculpa para "evitar a volatilidade nos mercados". Alguns economistas defendem altas trimestrais, chegando à taxa de 3% até março de 2008, quando termina o mandato de cinco anos de Fukui.

O escândalo recente, no entanto, modificou a agenda e a mudança de condições pode ter repercussões negativas. Fukui foi chamado a depor no Parlamento sobre seus investimentos pessoais e a queda do nível de confiança se refletiu nos mercados.

Esta semana, a Bolsa de Tóquio registrou sua maior queda desde a que sofreu no dia seguinte aos atentados de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos. A semana da bolsa terminou com uma alta do índice Nikkei de 0,8%.

Com informações da Folha Online