Parada do Orgulho Gay reúne 2 milhões na Paulista

A 10ª edição da Parada do Orgulho Gay levou neste sábado, segundo a Polícia Militar, cerca de 2 milhões de pessoas à Avenida Paulista. O número superou o ano passado, quando 1,8 milhão de participantes compareceram

Sob o tema "Homofobia é Crime", o maior evento já organizado sobre o assunto reuniu desde manifestantes em prol da diversidade sexual até aqueles que apenas buscavam diversão.

Segundo o tenente-coronel Roberto Litrenta, comandante do 7o. Batalhão Metropolitano da Polícia Militar, um público de mais de 1,2 milhão de pessoas compareceu à parada, contrariando expectativa dos organizadores de presença de 2 milhões de pessoas.

Com o tema este ano de "Homofobia É Crime — Direitos Sexuais São Direitos Humanos", a parada também é um protesto contra crimes causados pela homofobia. A cada três dias uma pessoa é morta no país por causa de sua orientação sexual, disse o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Nelson Matias Pereira, segundo a Agência Brasil.

A edição deste ano contou com a apresentação de mais de 20 trios elétricos que se apresentaram entre as 16h e 20h. Apesar de forte presença de público homossexual, a parada contou com a presença de famílias.

Entre elas estava a de Antônio Nilo Filho, vendedor, 32, que levou sua mulher e dois filhos pequenos para a Paulista.

"Eu acho que a gente tem que trabalhar realmente contra a homofobia porque o Brasil, o mundo inteiro, tem que ter mais liberdade sexual", disse Nilo Filho à Reuters, em meio a outros participantes e casais masculinos que acompanhavam um dos trios elétricos de música eletrônica.

Vestido de verde-amarelo, Lucio Mauro Boaventura, enfermeiro, dançava e aproveitava o momento para torcer pela seleção brasileira de futebol, um dia antes do jogo do Brasil contra a Austrália, pela Copa do Mundo da Alemanha. "São duas festas contra o preconceito. É botar a bola pra frente e ser hexacampeão", disse Boaventura.

Entre o público também estava o cabeleireiro Flávio Monteiro, que participa pela sétima vez da parada. "Eu gostei mais (da parada deste ano acontecer) no sábado, porque está cheio, mas não aglomerado como no ano passado", disse ele, com vestido colorido e maquiagem verde nos olhos.

"O clima de Copa não atrapalhou não, tem muito bicha por aí 'montado' de Copa porque também gosta de futebol", disse o cabeleireiro.

A primeira edição da parada aconteceu em junho de 1997 e reuniu 2 mil participantes. Em 2000, o número de participantes cresceu para 120 mil pessoas, e evoluiu para 1 milhão de pessoas em 2003, quando o tema foi "Construindo Políticas Homossexuais", segundo informações da organização do evento.

Em 2005, participaram da parada 2,5 milhões de pessoas, de acordo com a associação. Já de acordo com a PM foram 1,8 milhão de participantes.

Mas na edição deste ano, nem todos se sentiam à vontade na parada. O médico Albério Machado, 70, veio de Salvador a São Paulo participar de um congresso de medicina e se viu impedido de atravessar a avenida Paulista para chegar a seu hotel por causa da multidão colorida que estava no meio do caminho.

"É a primeira vez que estou vendo isso. É estranho… estranho", disse Machado. "Eu realmente nunca vi isso, a minha geração é diferente da de hoje."

O prefeito da cidade, Gilberto Kassab, passou pelo evento. "A parada tem uma importância grande para a cidade, se insere entre os grandes eventos de São Paulo e, mais do que isso, entre os grandes eventos do País. A Prefeitura de São Paulo, como sempre, emprestou todo o seu apoio", afirmou Kassab.

Segundo a organização do evento, no último ano a parada recebeu cerca de 2,5 milhões de pessoas, público superior ao recebido na grande festa anual que acontece em San Francisco, nos EUA, considerada até então o maior evento GLBT do mundo.

Este ano, a principal razão para que o público não seja superior ao de 2005 é que a parada está sendo realizada no sábado, e não no domingo, como tradicionalmente acontece. Segundo a assessoria de imprensa da organização, a mudança de dia foi por causa do jogo da seleção brasileira no domingo.