UJS é exemplo para as demais organizações juvenis, diz dirigente venezuelano

“A juventude nunca havia tido um campo tão propício para a participação política e de mobilização como há hoje”, na Venezuela. Esta é uma das declarações dadas por Luis Delgado da Juventu

Convidado pela UJS para participar do 13º Congresso da entidade, Luís Delgado, do departamento de Relações Internacionais da Juventude Comunista da Venezuela, que representa cerca de 6 mil jovens, falou com o Vermelho sobre as relações entre a juventude e Hugo Chávez e as melhorias na área estudantil que seu governo proporcionou, o embate com as juventudes conservadoras e suas impressões sobre o evento da UJS. Para ele, o 13º Congresso demonstra que a UJS “é uma organização forte, com verdadeira presença social dentro do processo histórico brasileiro”.

Relações entre a juventude e o governo Chávez

“A relação é extremamente dinâmica, já que expressa a relação profunda que existe entre o povo venezuelano e Chávez. A juventude nunca havia tido um campo tão propício para a participação política e de mobilização como há hoje. Isso porque tradicionalmente a juventude é considerada como um setor pouco maduro para a participação na vida política. Então, havia políticas voltadas para a juventude, mas não se permitia sua participação a política, nem mesmo na construção destas políticas”

Vitórias conquistadas durante o período chavista

“Antes de Chávez, houve poucas vitórias para a juventude, o que não significa que a juventude não tenha participado da história venezuelana. Ela sempre exerceu um papel de vanguarda na luta pela independência, nas lutas dos anos 60, mantendo-se na oposição aos governos anteriores a Chávez e brigando pelos direitos estudantis. Entre as principais bandeiras que defendemos está a garantia da educação gratuita, desde a primária até a universidade. Hoje, são poucos os países da América Latina que têm educação gratuita na universidade e a Venezuela garante plenamente este direito, bem como a massificação da educação em todos os níveis. Chávez, por exemplo, eliminou, em 1º de maio deste ano, por meio de um decreto, a discriminação com relação ao trabalho de aprendiz. Então, tanto o jovem como o adulto terão direito ao mesmo salário, independentemente de se estar começando. Há ainda as missões educativas, a missão Barrio Adentro, na área da saúde. São ações que se revertem inclusive na reativação da nossa economia porque afeta nossa juventude que hoje é a maioria de nossa população”.

Embate com as juventudes conservadoras venezuelanas

“Há na Venezuela um fenômeno muito interessante neste sentido. Os partidos de direita têm organizações juvenis fortes. A particularidade é que estas organizações de direita têm conseguido usar a autonomia da universidade para fazer destas instituições o último reduto social no qual conseguem ter inserção. Ou seja, na sociedade, de maneira geral, há um processo de revolução, mas as universidades são controladas pela direita e as universidades são espaços de disputa muito fortes. A força bolivariana tem poder no meio estudantil, mas a direita também tem, ou seja, há um processo de disputa muito acirrado”.

Principais melhorias na área juvenil com Chávez

“Há uma nova lei voltada para a juventude, o que antes não existia; a implantação do Instituto Nacional da Juventude, do qual participam as mais variadas correntes que atuam no movimento estudantil e que apóiam o processo bolivariano. O objetivo do instituto é atualizar e melhorar a política juvenil nos âmbitos de jovens trabalhadores, estudantes e campesinos. Estas foram vitórias muito importantes para nós”.

13º Congresso da UJS

“Não só como jovem comunista venezuelano, mas também como latino-americano, creio que o 13º Congresso está sendo muito positivo porque demonstra que a UJS é uma organização forte, com verdadeira presença social dentro do processo histórico brasileiro. Houve mesas de trabalho importantíssimas voltadas para áreas variadas. Mas o que mais me chamou atenção foi a diversidade de trabalho que a UJS tem – como jovens cientistas – o que não é comum no movimento estudantil latino-americano. Essa diversidade no campo das lutas é um exemplo para as demais organizações do continente”

Relações entre a Juventude Comunista da Venezuela e UJS

“Há uma relação natural por ambas serem comunistas, ou seja, temos uma vinculação histórica, mas a vinculação fundamental deu-se a partir da criação da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), que criou um espaço de articulação permanente não só entre estas duas entidades como também com outras organizações revolucionárias do mundo. Houve muitos intercâmbios institucionais que nos permitiram conhecer outras experiências. Estamos em processo de relançamento da FMJD, o que é muito importante para uma nova etapa em nossa luta”.

Pontos semelhantes entre as juventudes dos países presentes

“As principais coincidências é que são organizações que lutam pelos direitos dos jovens em todos os países onde atuam e todos esses direitos são muito parecidos porque correspondem às necessidades de formação de uma nova sociedade. Há similaridades também entre essas sociedades na medida em que são capitalistas, sistema que passa por um processo de expansão global. Portanto, os inimigos da humanidade são os mesmos: o capitalismo, a globalização neoliberal, as políticas de exclusão, a pobreza, a precarização das condições de trabalho. São problemas que as distintas organizações estudantis, de acordo com as características próprias de cada país, tentam enfrentar elaborando as táticas corretas para combater esses males com um sentido estratégico com vistas ao socialismo”.

De Brasília,
Priscila Lobregatte