Ideli atribui à perseguição política vazamento de informações sigilosas

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), atribuiu a motivos políticos a divulgação de informações sobre a movimentação de R$ 1,1 milhão de sua conta bancária entre 2004 e 2005. Ela garantiu que sua mov

A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), atribuiu ao procurador da República em Santa Catarina, Celso Três, a divulgação, na edição desta nesta terça-feira (20) do jornal Correio Braziliense, informações sobre a movimentação de sua conta bancária entre 2003 e 2005. Na sua avaliação, trata-se de perseguição política devido a sua atuação nas comissões parlamentares de inquérito. Ela apontou a coincidência entre a data da divulgação da matéria e a leitura do relatório final da CPI dos Bingos.

Ideli explicou que sua movimentação financeira foi realmente elevada neste período em virtude de diversas indenizações que recebeu do Senado, como auxílio-moradia, convocações extraordinárias, auxílio-saúde, entre outras, que não fazem parte de seus rendimentos propriamente ditos. Além disso, tomou empréstimos que, segundo ela, ainda não foram quitados e vendeu e adquiriu automóveis.

A senadora lembrou que no ano passado entrou em contato com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza e Silva, com documentos que comprovam a origem de seus recursos financeiros e pediu que fosse aberto um processo de investigação sobre seu patrimônio, para que pudesse se defender na Justiça.

Ideli manifestou sua indignação com o fato de a imprensa divulgar documentos sigilosos da Receita Federal. Segundo ela, o jornal retirou do documento a tarja que indicava que o documento era confidencial.

Em sua defesa, Ideli argumentou que a jornalista responsável pela matéria teria confundido movimentação financeira com rendimentos. A senadora disse que o extrato de Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pode induzir a erro.

Apartes

A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), em aparte, atribuiu ao banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Oportunity, o vazamento das informações sobre Ideli. Para ela, Ideli o teria "incomodado" durante o transcorrer dos trabalhos da CPI dos Bingos, "por sua postura corajosa" ao denunciar a obtenção ilegal, por Dantas, de recursos públicos desviados de privatizações e de fundos de pensão.

Em aparte, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM), frisou que a oposição nada tem a ver com o vazamento das informações sobre as contas de Ideli, manifestando estranheza com o fato. Também o senador Leonel Pavan (SC) manifestou solidariedade por conhecer o passado político de Ideli como sindicalista e líder petista e enalteceu sua honestidade.

O colega de bancada Paulo Paim (PT-RS), por sua vez, solidarizou-se com Ideli, elogiou seu trabalho à frente da liderança e destacou "a coerência de sua história e sua honestidade.

Nota da bancada

O senador Tião Viana (PT-AC) leu em Plenário nota de apoio à senadora, assinada pelos integrantes da bancada do partido no Senado. Tião Viana disse que a matéria, que na sua avaliação apenas apresenta "várias insinuações de ilícitos", foi uma violação ilegal da privacidade da senadora.

– Espera-se da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República uma ação firme no sentido da identificação dos responsáveis por esse ato pusilânime, inconseqüente e ofensivo à honra da senadora Ideli Salvatti – afirmou.

Tião Viana disse ainda que os senadores do PT estão solidários a Ideli Salvatti e "convencidos da sua conduta ilibada na atuação como servidora pública e cidadã comprometida com a verdade".

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que sempre viu por parte da senadora os procedimentos mais retos na vida pública.

– Parece que houve um desrespeito àquilo que é um direito constitucional – acrescentou.

Fonte: Agência Senado