Bolívia: eleição Constituinte é no próximo domingo

A campanha pela eleição de delegados à Assembléia Constituinte entrou na reta final em meio à graves denúncias de violência e guerra suja por parte de setores opositores. A eleição acontece no próximo

Às forças resta apenas quatro dias de campanha em uma contenda caracterizada pela polarização entre o governo e os partidos opositores que procuram marcar a eleição como um plebiscito em torno do processo de mudanças que vive a Bolívia. O presidente Evo Morales acusou a oposição de apelar em sua campanha para a violência e manobras para tensionar as relações entre a Igreja Católica e o governo devido a sua carência de propostas e credibilidade.

 

Ele se referiu ao ataque a pedradas contra o helicóptero em que viajava o vice-presidente Alvaro García. A ação impediu sua aterriçagem em um local na região oriental de San Miguel de Velasco. Evo informou que os atacantes são militantes do grupo Autonomia para Bolívia, do prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, opositor e ligado a grupos empresariais e políticos tradicionais.

Religião
 

Segundo Evo, a oposição utiliza ainda o falso pretexto de que pretende eliminar o ensino de religião nos colégios para enfrentar o governo e a Igreja Católica. O presidente se reuniu no último sábado com representantes do Episcopado, onde esclareceu a falsidade das versões sobre um suposto plano governamental para acabar com o ensino religioso.

 

Evo disse se sentir surpreso com que o grupo opositor Poder Democrático Social (Podemos) usasse o nome do papa Bento XVI, ao difundir uma suposta declaração de preocupação do pontífice sobre outra falaciosa ameaça boliviana contra o catolicismo. Em seu afã de ganhar votos, o Podemos também lança constantes ataques ao governo da Venezuela, o acusando de ingerência na Bolívia, o que segundo especialistas eleitorais pode resultar contraproducente para seus interesses.

 

Para os especialistas, o grupo do ex-presidente Jorge Quiroga sai perdedor pois o governante Movimento ao Socialismo (MAS) responde aos ataques lembrando as posições do ex-presidente favoráveis aos Estados Unidos e às transnacionais. O presidente boliviano considera necessário que o MAS ganhe com ao menos 70% dos votos – na eleição presidencial de dezembro passado ganhou com 53,7% – para consolidar a fim de garantir o processo em marcha.

 

Essa margem servirá para refundar o país na Constituinte, acabar com o velho sistema político excludente e privatizador e recuperar os recursos naturais para o Estado. "Precisamos um apoio massivo com a exploração, a discriminação e a desigualdade", sentenciou o presidente, cuja liderança está no centro da campanha do MAS. O objetivo do presidente pode ser alcançado nas urnas, reproduzindo o grande apoio popular ao presidente. Nas quatro principais cidades do país, o endosso à gestão Evo chega a 75%, segundo uma pesquisa da empresa Apoyo, Opinión e Mercado.

 

Autonomia

 

Os bolivianos terão também no próximo domingo um referendo sobre as autonomias departamentais (províncias) que setores conservadores tentam usar contra o atual processo de mudanças. A autodeterminação é um objetivo dos povos indígenas, mas as autonomias, como estão pleiteando alguns grupos oligárquicos, apenas beneficiariam um pequeno grupo de famílias que apenas velam por seus interesses, comentou ontem o presidente.

 

Evo reiterou que o povo, com seu voto, decidirá se quer ou não as autonomias. A Constituinte estabelecerá as características das autonomias nos departamentos que optarem por esse regime.

 

Da Redação

Com agências.