Reunião começa com velhas divergências entre EUA e G-20

Antecedendo a reunião de ministros, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, reuniu embaixadores dos principais países para definir a agenda das discussões. Como sempre, houve divergências. Ficou a princípio estabelecida uma seqü&ecir

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse aos 149 países da instituição que eles "não podem mais adiar as decisões" sobre a Rodada de Doha, senão colocarão em risco as negociações. "Estão diante do momento da verdade, e as decisões não podem mais ser adiadas. Se fizerem isso, colocarão em risco todo o projeto", disse Lamy durante na véspera da reunião em que mais de 60 países da instituição tentarão retomar as negociações. Os países tentarão até o dia 2 de julho determinar os números e fórmulas para aplicar cortes tarifários às importações de bens agrícolas e industriais, algo que Lamy qualificou de "essencial" para concluir a rodada no final de 2006.

O Brasil e o G-20 vão insistir em definir os cortes para tarifas e subsídios agrícolas na negociação de sexta-feira – ou talvez até segunda-feira – na OMC. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se encontrou em Genebra com a representante comercial dos Estados Unidos, Susan Schwab, em meio a enorme expectativa sobre alguma movimentação americana para evitar o naufrágio da Rodada Doha. "Queremos resultados na rodada de negociações esta semana, estamos preparados para negociar", declarou o embaixador brasileiro Clodoaldo Hugueney, depois de reuniões do G-20 e também entre negociadores do G-6 (Brasil, Estados Unidos, União Européia, Japão e Índia).

Carta

O presidente da poderosa American Farm Bureau Federation, Bob Stallman, disse que a pressão política está tão forte nos Estados Unidos que é quase impossível a administração Bush aceitar corte maior de subsídios agrícolas domésticos, a não ser que receba uma enorme compensação de Brasil, Índia, União Européia e outros mercados importantes para os exportadores norte-americanos. "Se pensarem em deixar tudo para setembro, será pior, porque a campanha eleitoral estará no auge", disse Stallman.

Carta assinada por 57 senadores norte-americanos, dirigida a Bush, conclama a Casa Branca a não atenuar sua proposta, ambiciosa no corte de tarifas e tímida no corte de subsídios. A carta insiste que uma "proposta desequilibrada é inaceitável" e pede a Bush para insistir num resultado que "aumente a renda para agricultores norte-americanos". A possibilidade de acordo agrícola e industrial parece remota nos próximos dias, porque as divergências entre exportadores e importadores não diminuíram. Certos negociadores dizem trabalhar já na hipótese de nenhum progresso. Esse não é o caso do Brasil, conforme indicou Hugueney. "A situação é difícil, mas não estamos tratando da hipótese de não se resolver nada nos próximos dias", disse.

 
Com informações do
jornal Valor Econômico