Federação de Direitos Humanos critica UE por sanção a palestinos

A União Européia (UE) mantém uma posição "irracional e insustentável" que contribui para a "asfixia econômica" palestina ao negar-se a entregar ajuda humanitária que passe pelo Governo domi

"Esta posição parte de um erro de cálculo: pensar que o Governo do Hamas entrará no jogo político na base de um ultimato", quando na realidade este movimento islâmico "tem mais força que nunca porque é percebido como uma vítima", explicou Schutter.

Em entrevista coletiva em Paris, o diretor da FIDH deu conta das conclusões da missão que a organização realizou nos territórios palestinos entre 24 de junho e 2 de julho para avaliar a situação na Faixa de Gaza após a retirada de Israel.

Como o acesso à Gaza estava fechado, os membros da missão tiveram que recopilar os dados na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde se reuniram com diplomatas ocidentais, organismos internacionais, ONGs e representantes políticos israelenses e palestinos.

Schutter criticou o mecanismo de ajuda urgente criado pela UE porque "marginaliza a ANP (Autoridade Nacional Palestina) e retarda a construção de um Estado palestino", ao contrário da cooperação prevista pelos acordos de Oslo (1993) para o fortalecimento das instituições palestinas.

Além disso, ele destaca que o boicote ao Governo palestino gera uma "situação explosiva" porque mantém sem salários as forças de segurança palestinas, "com o conseguinte risco de confrontos e instabilidade", e os professores, "que terão que deixar de lecionar em breve".

"A vantagem do mecanismo é que dificulta para Israel a justificação de seu corte de fundos", afirmou.

Schutter defendeu a saída da UE do denominado Quarteto para o Oriente Médio, formado também por Estados Unidos, ONU e Rússia, porque obriga os europeus a "renunciarem a seus princípios" para se chegar a um "acordo de mínimos" com Washington.

O papel da UE no conflito se "transformou radicalmente nos últimos meses", disse o secretário-geral da FIDH. Os palestinos "viam a UE antes como um ator imparcial, mas agora têm a impressão de terem sido traídos", acrescentou.

"Por um problema simbólico (não querer assinar um acordo com representantes do Hamas), sacrificaram-se as necessidades da população", apontou após ressaltar que as ONGs na região insistiram com os membros da missão sobre a "necessidade de contar com interlocutores" nos ministérios palestinos para "poder identificar as famílias necessitadas".

Por último, considerou que as recentes ações militares israelenses não buscam apenas resgatar o soldado Gilad Shalit, mas infligir um "castigo coletivo ao povo palestino". "Quis-se dar um sinal claro: vai se cobrar caro por toda ação contra um militar israelense", sentenciou Schutter.