Clima frio na primeira visita do papa à Espanha

Em sua primeira visita à Espanha, o Papa Bento XVI teve um encontro de menos de 20 minutos com o primeiro ministro Rodríguez Zapatero, neste sábado (8) em Valência. O governo Zapatero, do PSOE (social-democrata), defende a crescente sec

“Meu desejo é propor o papel central, para a Igreja e a sociedade, que tem a família fundada no matrimônio", disse o papa, já ao desembarcar no aeroporto de Valência, falando em espanhol para que o recado fosse melhor entendido.

Bispo reconhece tensões

O encontro entre Zapatero e o Sumo Pontífice durou entre 15 e 20 minutos, destacou o presidente do episcopado europeu, monsenhor Ricardo Blázquez, que não quiz dar maiores detalhes sobre o conteúdo da reunião. Ele admitiu porém as tensões entre Roma e Madri. "Creio que essa visita contribuirá para suavizar essas tensões. Confio que os encontros pessoais sirvam para que a relação seja mais fluida", comentou.

 

O episcopado do país, historicamente tradicionalista, convivia facilmente com o governo de direita de José Maria Aznar (1996-2004). As tensões tiveram início em março de 2004, com a vitória do PSOE, que desde o século 19 expressa o lado laico e às vezes anticlerical da sociedade espanhola.

 

Bento XVI fez durante a visita um elogio especial aos bispos da Espanha,  "em tempos de rápida secularização".  "Conheço e estimulo o impulso que estão dando à ação pastoral, em um tempo de rápida secularização. Sigam, pois, proclamando sem desânimo que prescindir de Deus, agir como se não existisse ou relegar a fé ao âmbito meramente privado socava a verdade do homem e hipoteca o futuro da cultura e da sociedade", disse o pontífice.

Zapatero não vai à missa

O papa permanecerá 26 horas na Espanha. Neste domingo, espera reunir 1,5 milhão de fiéis numa missa. Porém o correspondente da agência AFP comenta que não poucos valencianos acreditam, de boa fé, que o número de peregrinos ficará um milhão, memos que a cifra de visitantes que a cidade recebe em março para as Fallas ou festas de São José.

Zapatero não irá à missa, o que foi mal recebido pelo Vaticano. O porta-voz espanhol de Roma, Joaquín Navarro Valls, comentou que até Fidel Castro e o sandinista nicaraguense Daniel Ortega assistiram às missas presididas por João Paulo II em seus respectivos países. 
 

Com informações da AFP