Metalúrgicos de Volta Redonda: juiza suspende apuração

A decisão da juiza foi comunicada às chapas e ao presidente do sindicato, Carlos Perrut, na sede da Polícia Federal em Volta Redonda, onde as urnas estão guardadas.  Em entrevista ao jornal Diário do Vale, Linda Brandão afirmou que durante a semana que vem vai apurar as reclamações das chapas 2 e 3. Ela também recebeu um relatório do Ministério Público (MP) apontando possíveis irregularidades.

Toda a eleição pode ser anulada

“Estive no primeiro dia da eleição na Usina e também constatei indícios de irregularidades. Esperei a eleição acabar para tomar a decisão. Por enquanto, apenas a apuração vai estar suspensa. Mas, se for constatada que toda a eleição foi viciada, vou anulá-la”, disse a juíza.

Enquanto isso, as urnas ficarão guardadas na sede da Polícia Federal, fiscalizadas por representantes das três chapas. Linda Brandão disse que o Sindicato dos Metalúrgicos descumpriu o acordo feito entre os candidatos, o Ministério Público, a CSN e ela própria.

Dificuldades para votar

Um dos pontos violados: vários presidentes das mesas eleitorais na Usina não eram trabalhadores da própria CSN. Outro: os operários nem sempre votaram nos mesmos locais da eleição da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidente).

“Alguns trabalhadores chegavam na urna mais próxima do seu setor e constatavam que o seu nome não estava na lista. Ele ia a outra urna e também não constava. O trabalhador não iria ficar andando em toda Usina procurando o nome na lista”, disse Linda Brandão.

O procurador do Ministério Público do Trabalho, Carlos Eduardo Brisola, afirmou que o Sindicato feriu a democracia da eleição. “Todos os candidatos se comprometeram a cumprir o acordo feito em juízo e o sindicato violou vários itens”, disse Brisola, que citou os mesmos problemas apontados pela juiza.

Perrut espera que dúvidas sejam sanadas

O presidente do Sindicato  – que desistiu  de arriscar a reeleição para apoiar Jadir Batista, da Articulação – disse acatar a decisão da juiza. “Espero que as dúvidas sejam sanadas e os votos apurados logo. A categoria está ansiosa. Esta eleição já foi suspensa uma vez”, afirmou Perrut.

O presidente disse ainda que o quorum foi de 60% e votaram exatos 6.133 associados, dos pouco mais de 10 mil em condições de votar. Mas na CSN, principal colégio eleitoral, esse índice foi menor: Perrut disse que não tinha números exatos naquele momento, mas calculou um comparecimento de 45% a 50%.

A Corrente Sindical Classista, de Renato Soares, candidato a presidente pela Chapa 3, afirma que “as pesquisas de boca-de-urna apontaram Renato como o sucessor à presidência do nosso Sindicato”.  E proclama estar com “mais garra e ousadia de continuar lutando pelo resgate e a busca da moralidade e o rumo classista para os metalúrgicos de Volta Redonda e Região”. Veja o manifesto que a CSC distribuiu na categoria:

“A todos que lutam pela democracia”

 

“A Corrente Sindical Classista acaba de presenciar mais uma manobra fraudulenta promovida pela Articulação Sindical, representada pela chapa 1 e a Força Sindical, chapa 2, durante as eleições para a nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda e Região/RJ.
 
Hoje às 18h00, a Dra Linda Brandão Dias, Juíza Presidenta da 001ª Vara do Trabalho de Volta Redonda/RJ, através de Mandado de Notificação 791/02, em seguimento ao Processo 01119.2006.341.01.00-8, suspendeu a apuração dos votos coletados nos dias 6 e 7, determinando que as urnas coletoras fiquem acauteladas, sobre a guarda da Policia Federal, até que a mesma a Dra Juíza analise as denuncias e se será ou não validadas as eleições.
 
Por isso, a chapa 3, encabeçada pelo camarada Renato, desde o primeiro momento vem denunciado toda manobra fascista.

 

Registramos também o comportamento violento e o desmando por eles aplicado, com contratação de jagunços e bate-paus, na tentativa de intimidação visando a manipulação das eleições.

 

As pesquisas de boca-de-urna apontaram Renato como o sucessor à presidência do nosso sindicato.
 
Mas, esta possibilidade de vitória que foi ameaçada não nos intimidou, nos deu mais garra e ousadia de continuar lutando pelo resgate e a busca da moralidade e o rumo classista para os metalúrgicos de Volta Redonda e Região.
 
Os fatos ocorridos perpetrados pela turma dos metralhas:

 

– O atraso na saída das urnas da sede do sindicato, impedindo o pessoal do turno de zero hora de votar.

 

– Listagens incompletas, faltando nomes de associados, principalmente nas urnas da CSN, provocando uma quantidade absurda de votos em separado, o que obrigava o trabalhador a ser identificado.

 

– A repressão das gerências e chefias, que se plantaram nas proximidades das urnas para vigiar o voto do seu funcionário. Inclusive queremos registrar também que na SBM, os gerentes usaram o adesivo da chapa 1, que também circulou livremente nas dependências da empresa.

 

– Também na SBM, as duas urnas instaladas com listagens iguais, o que permitia a fraude, como foi presenciado por nossos fiscais, onde um funcionário que votou se dirigiu à outra urna para votar novamente.

 

Continuamos firmes e conclamando os metalúrgicos de Volta Redonda e Região para se unir em torno da Chapa 3.

 

Conclamamos também todo o movimento sindical brasileiro pautado na defesa da democracia a que se solidarize com a nossa luta e desmascare a postura fascista da chapa 1 e chapa 2.

 

Enfim, chamamos a atenção dos trabalhadores de Volta Redonda e Região a não temerem em apostar na verdadeira mudança. Avanço este que ficará registrado na memória do trabalhador, que terá seus direitos e benefícios devolvidos e garantidos no seu bolso, rumo à vitória dos trabalhadores na construção do sindicalismo classista.
 
Vamos nos unir e lutar para garantir esta mudança. A solidariedade classista é de fundamental para a democracia e a vitória dos trabalhadores metalúrgicos de Volta Redonda e Região.”