Emir Saber cria blog e fala dos favoritos na disputa eleitoral
Publicado 10/07/2006 20:08
Confira abaixo os primeiros comentários do blog:
FRANCOS FAVORITOS E FAVORITOS
A TV Globo contava com a vitória do Brasil na Copa, e pelo menos mais uma semana marcada pelo clima das comemorações. Assim, só programou pesquisas do Ibope a partir do final de julho. A saída mais cedo do Brasil da Copa vai deixar um vazio na divulgação de pesquisas. Enquanto isso, a revista "Carta Capital" anuncia mais uma pesquisa para o próximo fim de semana e se espera que a "Folha" também divulgue uma.
Mas o Ibope tem opiniões definidas sobre os francos favoritos das eleições deste ano. Segundo Carlos Augusto Montenegro, Lula, Aécio, Serra, Paulo Souto e Paulo Hartung estão nessa categoria. Só perdem se houver alguma catástrofe – circunstância pouco provável. Favorito, embora não nessa categoria, é Sergio Cabral.
Ao possuir mais de 40% de votos na pesquisa espontânea, Lula tem uma dianteira difícil de ser suplantada. Não bastaria a Alckmin crescer – como fez – conquistando votos dos indecisos. Ele teria que tirar votos significativos de Lula para diminuir esse índice alto do presidente. Quanto a não ser conhecido, Montenegro considera que Alckmin já é suficientemente conhecido, está com grande exposição na mídia há meses. Os que não se preocupam em conhecê-lo, é porque já têm candidato e não estão disponíveis para alternativas.
COPA TÃO RUIM COMO A DE 90
O nível técnico da Copa de 2006 foi tão baixo, que apenas Zidane se sobressaiu como jogador. O resto era busca de medíocres para serem premiados. Quanto à atitude destemperada de Zidane na prorrogação da partida final, não poderia ter-lhe tirado o prêmio de melhor jogador. Como disse o João Saldanha, quando lhe questionaram o caráter de um jogador convocado por ele para a seleção: “Eu quero ele como excelente número 8 e não para se casar com a minha filha.”
A falta de qualidade técnica da Copa fez com que os melhores desempenhos tivessem sido de técnicos. Marcelo Lippi. Klinsman e Felipão pegaram times razoáveis e os fizeram jogar bem. Exatamente ao contrário de Parreira.
O Brasil ainda teve aliviada a unanimidade de maior decepção da Copa – com destaque negativo especial para Ronaldinho Gaúcho -, com a escolha – vai se saber com que critério – para que ficasse com o quinto lugar na classificação geral e com a divisão, com a Espanha, do prêmio de “fair play” – este, com justiça.
E o escândalo de Zidane ajuda a tirar o Brasil da linha de tiro. Quanto a Cafu, Roberto Carlos e a dupla Parreira-Zagalo, não precisariam anunciar suas despedidas da seleção. A vida os despediu.
A melhor cobertura, a da ESPN, mais a coluna do Tostão. O melhor jogo – o único jogo bom: Argentina 6 a 0 em Sérvia-Montenegro.
O CONSERVADORISMO DA ELITE PAULISTA
Em mais um atinado comentário, o ombudsman da "Folha de São Paulo" recorda como o editorial conservador do jornal, contra as cotas – somando-se ao manifesto elitista publicado na íntegra pelo jornal – pautou a cobertura do debate, privilegiando abertamente a posição com que o jornal se identifica. Mais um exemplo não apenas do conservadorismo do jornal, mas também de como a cobertura da grande mídia é toda ela editorializada – sem objetividade, penetrada e marcada pela posição editorial do jornal.
Se nos recordamos que são apenas poucas famílias as proprietárias das empresas que monopolizam o setor, nos damos conta da precariedade da democracia na formação da opinião pública no país.
DUAS PESQUISAS IMPORTANTES
As manchetes da Folha de São Paulo e do Globo deste domingo falam sobre a transferência de 6 ou 7 milhões de brasileiros para a classe média. O governo Lula produziu uma melhora considerável na classificação econômica dos eleitores a partir de 2003, diz pesquisa Datafolha, publicada pela Folha. Segundo esse levantamento, cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E, sendo que a maioria deles migrou para a C. A manchete do Globo afirma: “Sete milhões de pessoas sobem para classe média”. Segundo a matéria, mais de dois milhões de famílias brasileiras conseguiram ascender na pirâmide do consumo este ano e chegaram a classe média, o que representa cerca de sete milhões de pessoas.
As duas pesquisas oferecem três questões importantes para debate:
a) Para a direita: como propor “desenvolvimento, emprego e renda”, melhor do que isso? Pela primeira vez se altera o ponteiro da desigualdade social no Brasil;
b) Para os críticos de esquerda: como são possíveis políticas sociais de efeito tão significativo, sem mudar a política econômica?
c) Para o governo: esgotou-se a forma de melhoria social, sem mudar significativamente a política de emprego (que, na situação atual, gera mais emprego formal, mas de muito baixo nível).
O JOGO NÃO ACABOU NO MÉXICO
Manifestação de meio milhão de pessoas no Zócalo, na capital mexicana, convocada pela campanha de Lopez Obrador. A confiança de quem já contornou a tentativa de incriminá-lo e impedir sua candidatura mediante grande mobilização popular e convocação para marchas de todo o México na direção da capital, na próxima quarta-feira, fazem prever que a decisão das eleições presidenciais ainda não é definitiva. Embora o primeiro-ministro da Espanha tenha reconhecido a vitória de Calderón, até mesmo o New York Times pediu recontagem dos votos.
Que lição o Brasil e sua esquerda podem tirar das eleições mexicanas? Em comum, um candidato da direita ortodoxamente liberal – Calderón e Alckmin se assemelham até na adesão ao Opus Dei -, uma polarização clara entre pobres – que votaram por Lopez Obrador – e ricos – que depositam suas
esperanças em Calderon.
ENTREVISTAS COM FIDEL
A edição brasileira do maior livro de entrevistas feitas com Fidel Castro – desta vez pelo jornalistas espanhol, editor do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet -, a ser publicada pela Boitempo no começo de agosto – coincidindo com os 80 anos do líder cubano -, terá trechos inéditos. Depois de publicadas as edições espanhola e cubana, Fidel decidiu fazer algumas correções e acrescentou vários trechos novos no capítulo final, atualizando a visão sobre os problemas contemporâneos enfrentados por Cuba.