Lula: “É insanidade vincular o PT ao crime”

Em seu discurso na festa de lançamento da candidatura à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu aos ataques do senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, que ligou a facção do crime organizado que realiza ataques em São Paulo ao PT.


Foi lançada ontem, durante jantar em tradicional restaurante popular de São Bernardo do Campo, a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela  coligação “A Força do Povo”, formada por PT, PC do B e PRB e que tem José Alencar como vice na chapa.


O evento reuniu cerca de 3 mil pessoas e foi marcado pela repercussão das declarações de tucanos e pefelistas que tentaram estabelecer ligação entre o PT e a quadrilha que vem promovendo a onda de violência em São Paulo.


Em seu discurso na festa, Lula respondeu aos ataques afirmando que fazer esta associação “é no mínimo uma insanidade”.


Dirigindo-se ao senador Aloizio Mercadante, candidato do PT a governador de São Paulo, Lula disse: “Não podemos ficar nervosos com nossos adversários. Não podemos fazer o jogo que eles querem que a gente faça. É no mínimo uma questão de insanidade tentar vincular o PT ao crime organizado, enquanto eles estão há 12 anos no comando das cadeias de São Paulo. Por favor, leviandade tem limite. O jogo político existe, mas que o jogo não seja tão rasteiro. Por isso, vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para eleger Mercadante governador de São Paulo”.



Lula utilizou boa parte do seu discurso para comentar a crise na segurança.
“Amanhã (hoje) haverá uma reunião do ministro da Justiça com o governador Claudio Lembo. Não é hora mesquinha de alguém ficar espezinhando alguém. A sociedade tem obrigação política de vencer a criminalidade”.



Ele afirmou que o governo está preocupado em resolver a questão da segurança.
“O governo federal fará tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com a indústria da violência que foi montada aqui. Eu não quero acusar ninguém com irresponsabilidade, mas o problema aqui é complexo. É preciso mobilizar todas as esferas de poder. As pessoas que morreram não podem servir como objeto de disputa eleitoral”, disse.



Minuto de silêncio no início



O jantar de lançamento da campanha, no Restaurante São Judas Tadeu, em São Bernardo do Campo, começou por volta das 21h30m com o pedido de um minuto de silêncio, pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, “pelas vitimas da violência em São Paulo, em condições mal explicadas”.



O jantar foi dominado pela tensão provocada pelas declarações de Bornhausen. Antes mesmo do início do jantar, ministros e dirigentes petistas não escondiam a revolta com as declarações do presidente do PFL e demonstravam preocupação com a possibilidade de o presidente Lula se exacerbar na resposta aos adversários durante o discurso que faria ontem à noite no evento. Para a maioria dos dirigentes petistas, as declarações deram o tom que a campanha poderá ganhar a partir de agora.
“Foi só o começo. Virá muito mais”, reclamava o prefeito de Diadema e novo tesoureiro da campanha de Lula, José de Filippi Junior, numa mesa com prefeitos petistas presentes onde a campanha pela reeleição foi lançada oficialmente.



Os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Luiz Marinho (Trabalho), chegaram juntos no mesmo carro, ao lado do presidente da Previ, Sergio Rosa. Até as 21h, os petistas tinham vendido cerca de 2.000 dos 3.000 convites disponíveis, ao custo de R$ 200 cada um, com a expectativa de arrecadar R$ 600 mil para o caixa da campanha.


Tom da campanha


Lula seguiu a orientação que passara a seus ministros, nesta semana, de evitar, nas campanhas eleitorais, comparações diretas do governo do PT com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002).


“É importante a gente fazer uma avaliação não do governo passado”, disse Lula. “Vamos pegar o nível de emprego de 1980 até agora, e vamos fazer uma comparação do que está acontecendo nestes 42 meses e do que vai acontecer até o fim do ano. Aí sim, nós vamos ter motivos para nos orgulhar de governar esse país.”


Lula perguntou aos cerca de 3 mil convidados  por que motivo esses avanços não tinham sido feitos antes de seu governo. E forneceu a resposta em ataque indireto ao seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “porque melhorar a vida do povo brasileiro não estava nas prioridades de quem governou antes de nós”.


Lula deu ênfase às questões sociais do governo. “Para nós, política econômica e política social são faces da mesma moeda. O crescimento só interessa quando o superávit econômico se transforma em superávit social. Por esse caminho, retiramos milhões de pessoas da linha da pobreza, interrompemos a queda no rendimento dos trabalhadores e aumentamos o salário mínimo real.”


O presidente disse ainda que fará o possível para ajudar Mercadante a vencer as eleições, ao mesmo tempo em que dará continuidade aos seus esforços para que o projeto de governo implantado em seu primeiro mandato seja levado para os próximos quatro anos. “Quero levar adiante a obra apenas começada, corrigir o que fizemos de errado e ampliar o que fizemos de certo”, disse Lula, lembrando que em seu governo “milhões de brasileiros deixaram para trás a miséria”, ao mesmo tempo em que foram superados problemas como a dívida externa.


Da redação