G-8 pode dar impulso para Doha, diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse esperar que a reunião do G-8  resulte no impulso político necessário para avançar nas negociações da Rodada Doha para liberalização do comércio mundial.

“Depende dos líderes dar uma instrução firme para os negociadores”, afirmou o chanceler brasileiro, que se reuniu em Londres na quinta-feira com o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson. “Com base nessa sinalização, que os líderes possam dizer para os ministros: 'Vocês vão agora para Genebra e só saiam de lá com um acordo”, disse. O prazo para a entrega das propostas de cortes de tarifas de importação e subsídios agrícolas é no dia 30 de julho – inicialmente era em 2003, o que mostra como as discussões estão atrasadas.


 


O ministro disse que um acordo está cada vez mais “visível”, mas ainda há dificuldade de se avançar em algumas áreas. A “bola da vez” está com os Estados Unidos no setor de subsídios domésticos à agricultura, disse o ministro. “Se não houver sinalização clara de disposição de fazer um avanço em apoio doméstico, eu não vejo como fechar a rodada neste momento”, declarou Amorim.


 



A Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), não estava originalmente na pauta de discussões da reunião do G-8. Mas por sugestão de alguns líderes, em especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tema será analisado. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, está presente, assim como a representante de Comércios dos Estados Unidos, Susan Schwab. Os Estados Unidos propuseram uma reunião bilateral com o Brasil durante o encontro. O governo brasileiro deve pressionar Washington a aumentar o tamanho do corte aos subsídios agrícolas.


 


G-20


 


Não será uma pressão isolada dos brasileiros. Segundo Amorim, Mandelson expressou durante a reunião em Londres que os Estados Unidos precisam sinalizar algum movimento. Mas Schwab, que participou pela primeira vez de uma reunião da OMC no início deste mês, anunciou naquele encontro que não mexeria na proposta americana. Até a Conferência Ministerial da OMC, em dezembro do ano passado, em Hong Kong, o G-20 estava alinhado com os Estados Unidos para pressionar os europeus. Eles pediam que a União Européia aumentasse o tamanho do corte das suas tarifas de importação para produtos agrícolas.


Mandelson dizia que a proposta apresentada pelo bloco era a “última”, mas, depois, sinalizou que faria um corte médio de 52% ao invés de 36%. O pedido do G-20 era de 54%. “Foi um movimento positivo da União Européia. Eles estão muito próximos da proposta do G-20”, comentou o chanceler brasileiro. “Aproveitamos para discutir de que forma poderíamos atender os interesses europeus em acesso a mercado para Nama (produtos não-agrícolas)”, disse.


 


Com agências