Fracassa a visita de Condoleezza ao Oriente Médio

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, chegou segunda-feira (24/7) a Beirute ''de surpresa'', em um giro programado há uma semana para a região. A secretária manteve um breve diálogo com o primeiro-ministro libanês Fouad Siniora. ''A conversa,

Siniora disse a Condoleezza que os bombardeios de Israel fizeram seu país recuar no tempo ''em, no mínimo, 50 anos'' e pediu ''um rápido cessar-fogo'', segundo indicou a assessoria do primeiro-ministro. O presidente do parlamento repudiou os planos dos EUA.


 


Condoleezza abandonou Beirute, rumo a Israel, sem fazer declarações após o diálogo, realizado inclusive com políticos ''anti-sírios'', embora a frente orquestrada pelos ocidentais tenha se dissolvido segundos após a primeira bomba israelense ter explodido em solo libanês. Os libaneses não puderam ouvir da boca de Condoleezza as propostas dos EUA porque ela só foi à capital libanesa para ditar suas condições e partir. Talvez por essa razão sua visita tenha se tornado um fracasso.


 


De acordo com o que indicou uma fonte próxima a Berri, o presidente do parlamento repudiou as propostas colocadas na mesa por Condoleezza, insistindo que um cessar-fogo deve preceder a qualquer conversação sobre a presença da milícia xiita no sul do Líbano.


 


De acordo com a emissora catariana al-Jazira, citando fontes libanesas, Condoleezza disse a Siniora que não poderia falar de um cessar-fogo até que o Hezbolá libertasse, sem condições, os dois soldados capturados e se retirasse da fronteira com Israel, para uma área a 20 ou 30 quilômetros ao norte. ''O tom da reunião foi muito negativo'', revelaram essas fontes.


 


Berri recusou o pacote, propondo em lugar dele um plano em duas fases. A primeira seria o cessar-fogo e negociações para a troca de prisioneiros.


 


Segundo a emissora de televisão libanesa, LBC, a visita de Condoleezza ''não obteve nenhum resultado''.


 


Ao mesmo tempo que recebeu a visita da secretária americana, o presidente libanês, Emile Lahud, assegurou que ''não deixará ninguém decidir pelos libaneses'' e acusou Israel de ter preparado há bastante tempo ''uma guerra de longa duração contra o Libano''. ''Resistiremos, combateremos e não deixaremos ninguém decidir nada em nosso lugar'', afirmou o presidente, em um comunicado distribuído pela sua assessoria de imprensa.


 


Lahud indicou que Israel ''planejou a guerra há tempos'' e que utilizou o aprisionamento dos dois soldados como pretexto para atacar o Líbano, com a luz verde dos estadunidenses ''para lançar essa guerra destruidora''. ''É triste que a comunidade internacional não tenha dito nada até agora'', protestou o presidene libanês.


 


A respeito do envio de uma propalada ''força internacional'', o representante de Política Externa e Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, assegurou que já começou a trabalhar ''com vários países'' na configuração de uma ''força internacional'', que seria destinada ao Líbano. Para Solana, é necessário determinar o ''trabalho'' que essa força terá, saber quais países estariam dispostos a participar dela e contar com a ''proteção'' do Conselho de Segurança das Nações Unidas, não dando mais detalhes a respeito da operação e da possibilidade de conduzi-la.


 


Não são discutidas medidas, até o momento, que interessem diretamente ao Líbano, já que os ocidentais parecem desejar atrasar todo tipo de discussão política para chegar a uma paz justa e duradoura para a região.