Assassinos de Jean Charles voltam às ruas de Londres
A polícia metropolitana de Londres, a Scotland Yard, revelou nesta sexta-feira (28/8) que os dois policiais que assassinaram o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes na estação de Stockwell, na capital britânica, há um ano, foram liberados para re
Publicado 28/07/2006 14:15
Os dois policiais foram retirados do serviço urbano por terem sido alvo de investigação sobre o assassinato de Jean Charles. O eletricista foi erroneamente apontado pelo serviço secreto britânico como um “terrorista” e os policiais, vestidos à paisana, desferiram oito tiros — à queima roupa — contra o brasileiro, no momento em que ele entrou em um dos vagões do metrô londrino.
Segundo testemunhas que estavam no vagão, Jean Charles foi atirado ao chão, dominado pelos dois policias e em seguida assassinado, sem que pudesse sequer perguntar o que estava ocorrendo.
Impunidade britânica
No último dia 17 de julho, a Promotoria Pública Britânica determinou que nenhum dos envolvidos na morte de Menezes seria indiciado individualmente. “Seguindo a decisão da Promotoria Pública Britânica (…), e após a consideração de todas as informações disponíveis, a Polícia Metropolitana suspendeu as restrições colocadas sobre os dois policiais”, diz um comunicado da corporação.
A decisão causou revolta entre os familiares e amigos de Jean Charles. Os primos de Jean Charles que vivem em Londres se disseram “muito preocupados” com a decisão de permitir o retorno dos policiais às ruas. Na semana passada, familiares e amigos do eletricista realizaram uma vigília em Londres para marcar o aniversário de um ano de sua morte.
Investigação vazia
A morte de Jean Charles foi alvo de duas investigações. Além do inquérito na Promotoria Pública, o episódio também está sendo analisado pela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês). O comunicado divulgado pela Scotland Yard diz que “o caso foi considerado de acordo com qualquer outro caso dessa natureza, e as decisões são tomadas caso a caso”.
A corporação, que não divulgou as identidades dos dois policiais, finaliza dizendo que “neste estágio seria inapropriado fazer outros comentários por causa da questão legal em andamento”.
Apesar de a Promotoria Pública ter decidido não punir nenhum policial individualmente, o órgão decidiu que a Polícia Metropolitana será processada por descumprir leis relacionadas a saúde e segurança.