CSC e Articulação vão dividir vice-presidência da CUT

Terminou nesta sexta-feira (28/7) a disputa pela vice-presidência nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT). As duas maiores forças da entidade – Articulação Sindical (ArtSind) e Corrente Sindical Classista (CSC) – decidiram dividir o cargo na

A decisão deve ser anunciada oficialmente na próxima reunião da executiva, em 2 de agosto, quando os novos diretores tomam posse. Como a criação de mais uma vice-presidência não consta nos estatutos da CUT, uma plenária nacional será convocada, para aprovar a medida. Além de resolver um impasse que já durava quase dois meses, o acordo entre as correntes cutistas amplia a representatividade do cargo, aliando os meios urbano (Wagner) e rural (Carmem).


 


''A nova composição sinaliza um processo de pluralidade, fortalecendo a CUT'', declarou Wagner Gomes (foto). De acordo com o sindicalista, as relações entre CSC e Contag são ''excelentes'', o que deve estimular trabalhos conjuntos das duas vice-presidências. Wagner ainda destacou o crescimento classista na nova direção da CUT – a Corrente passará de quatro para cinco membros efetivos, além de uma suplência, na executiva nacional.


 


Mais do que se manter na vice-presidência e na Secretaria de Políticas Sociais, a CSC terá participação compartilhada na Secretaria de Relações Internacionais da CUT. De forma inédita, ganhará espaço no Conselho Fiscal, com um membro efetivo e um suplente. Deve, também, indicar um nome para o futuro Conselho Nacional de Relações do Trabalho – a CUT terá direito a duas vagas. Na terça-feira (1º/8), dirigentes da Corrente se reúnem para definir quais membros ocuparão esses cargos.


 


Os méritos da CSC
O acordo selado na executiva nacional ocorreu a cinco dias da posse dos novos diretores da central. Pôs fim a um impasse que vinha desde o 9º congresso da central (Concut), realizado de 5 a 9 de junho. CSC e ArtSind não se coligaram nas eleições para a diretoria, que conduziram o eletricitário Artur Henrique, da Articulação, à presidência da CUT. Os classistas, no entanto,  tiveram crescimento expressivo. Entre o 8º e o 9º Concut – ou seja, em três anos -, a CSC saltou de 14% para 20% dos delegados.


 


Dirigentes da ArtSind quiseram, mesmo assim, inibir a participação da Corrente. ''Se houvesse uma chapa única (nas eleições do 9º Concut), não teríamos qualquer problema em manter a vice-presidência com a Corrente Sindical Classista'', declarou Artur Henrique em entrevista ao Vermelho, concedida minutos após o fim do congresso. ''Mas nós dissemos antes: se (os classistas) montassem a chapa, os cargos não estariam definidos.''


 


A primeira reunião da nova executiva foi tensa. Para a CSC, a manutenção da vice-presidência era legítima e natural, dado o seu fortalecimento no sindicalismo e também na CUT. ''Somos uma corrente ascendente, combativa e autônoma'', resume seu coordenador, João Batista Lemos. Mas, com a postura irredutível e  hegemonista da Articulação – que resistia até mesmo em negociar a vice-presidência -, dirigentes da CSC abandonaram esse primeiro encontro.


 


A ArtSind, na realidade, havia prometido a vice-presidência à Contag. Só que, a cada nova reunião, foi compreendendo a necessidade de pluralizar a CUT, abrindo espaço para mais tendências. ''Os companheiros da Articulação valorizaram nosso pleito e reconheceram o crescimento da CSC. É um passo importante para a construção da unidade na central'', declara Batista Lemos. ''A confirmação de Wagner Gomes na vice-presidência coroa o êxito da CSC no 9º Concut, quando conseguimos manter e ampliar nossas posições, sem perder a sua independência.''


 


Por André Cintra,
da Redação