O alvo principal é Alckmin, diz Renato Rabelo

A eleição de outubro será bipolarizada e, nela, o alvo dos esforços das correntes avançadas é a candidatura direitista de Geraldo Alckmin. Esta opinião foi manifestada pelo dirigente comunista Renato Rabelo, na reunião da Comissão Política Nacional do

A reunião foi aberta pelo presidente nacional do PCdoB, que alertou para o acirramento das tensões internacionais diante da gravidade dos acontecimentos no Oriente Médio, quadro que precisa ser levado em conta pois a escalada guerreira tem reflexos na situação nacional.


 


Entretanto, o centro de sua intervenção foi a conjuntura política nacional e o quadro eleitoral. Ele chamou a atenção para o fato de que a campanha eleitoral tem um prazo de 60 dias, que precisa ser levado em conta por qualquer planejamento. Já passou a fase de conformação das candidaturas e das alianças, e a campanha agora é um fato objetivo, disse.


 


Renato ressaltou o amplo leque de alianças alcançado pela candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, formado pelos partidos que o apoiam formalmente (PT, PCdoB e PRB) e pelos que dão apoio informal (como PL, PTB, PSB e setores do PMDB). É uma candidatura consolidada que tem grandes chances de vencer já no primeiro turno, apesar da campanha estar preparada para a eventualidade do segundo turno, disse.


 


Referindo-se a pesquisas internas da campanha do presidente Lula, Renato disse que sua candidatura é muito forte nas regiões Norte e Nordeste, com forte apoio na região Sudeste, e mais frágil no Sul, embora esteja na frente em todas as regiões geográficas do país. É também uma candidatura amplamente majoritária entre os setores mais pobres, com renda de até três salários mínimos. A base social de Lula, disse, é consolidada, e seu voto não é volátil, enfatizou.


 


Renato também informou a Comissão Política Nacional sobre a elaboração do Programa de Governo, que será submetido ao presidente Lula no próximo final de semana. Embora ainda provisório, ele reflete uma ampla convergência entre o PT e o PCdoB e tem base em cinco compromissos com o povo brasileiro para o país continuar mudando: 1) combate à exclusão social, à pobreza e à desigualdade; 2) aprofundamento do novo modelo de desenvolvimento; 3) ampliação da democracia; 4) inserção soberana no mundo; 5) Brasil para todos. Educação massiva e de qualidade. O conhecimento, a cultura e a informação como instrumento de desenvolvimento e de democracia.


 


Estes são os eixos que darão o tom da campanha, afirmou; eles vão deixar claro que existem dois programas em disputa, desmentindo aqueles que dizem o contrário.


 


Finalmente, o presidente nacional do PCdoB frisou a importância da formação do Conselho Político que, juntamente com o Comitê de Campanha, são organismos fundamentais para agregar todos os partidos que apoiam Lula, juntamente com os três que deram apoio formal ao presidente. Ele destacou a participação, neste Conselho Político, de lideranças expressivas e de grande experiência, como o ex-presidente José Sarney, Renan Calheiros, Aldo Rebelo, Jader Barbalho, Mares Guia, Ciro Gomes, Roberto Amaral, entre outros.


 


É uma espécie de Estado Maior da campanha, disse, que eleva o nível de sua orientação numa disputa eleitoral que será dura e difícil.


 


A campanha do candidato da direita, Geraldo Alckmin, demonstra o objetivo de levar a decisão para o segundo turno, prolongando um embate que a aliança PSDB/PFL pretende aproveitar. É uma campanha raivosa, marcada por ataques contra o governo e contra Lula, que busca desconstruir a imagem do presidente. E que é fomentada pela boa vontade da mídia, recheada de editores tucanos, como na Globo, e periódicos claramente alinhados com a candidatura conservadora, como a revista Veja e os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Essa mídia faz de tudo para levar a decisão para o segundo turno. Mesmo que, para isso, tenha que insuflar e inflar a candidatura de Heloisa Helena, do Psol.


 


Mas a eleição tende para um quadro de bipolarização entre Lula e Alckmin, considera Renato. Num quadro em que o alvo principal das forças mais avançadas deve ser o candidato da direita, Geraldo Alckmin, insistiu.


Por José Carlos Ruy