“Republicanos já me abraçam”, diz Michael Moore, o anti-Bush

Michael Moore, o cineasta irrequieto, ativista liberal e pára-raios político, diz que, hoje em dia, anda sendo abraçado por muitos republicanos. Nas ruas de Traverse City – onde trabalha nos últimos preparativos para uma segunda edição do festival de cine

“Se você passar um pouco de tempo aqui comigo, verá que não se passam cinco ou 10 minutos sem que algum republicano venha me abraçar. É quase tão divertido quanto alguns dos filmes do festival”, disse Moore em entrevista. Ele é diretor do documentário Fahrenheit 11 de Setembro, de 2004, que diz que a administração Bush enganou o público norte-americano quanto às razões que a levaram a desencadear a guerra no Iraque. Segundo Moore, mais e mais pessoas vêm aderindo hoje a seu ponto de vista.


 


Para ele, alguns setores do norte do Michigan, de maioria solidamente republicana, e outras partes do país acreditam que cometeram um “erro colossal” por terem inicialmente apoiado a guerra do Iraque. E, segundo Moore, essas pessoas lhe dizem isso quando topam com ele nas ruas de Traverse City, cidade turística para onde o cineasta se mudou, deixando Nova York.


 


Acostumado a viajar com seguranças e encontrar manifestações de hostilidade, Moore conta que, atualmente, encontra pessoas mais abertas a ele, a ponto de republicanos virem espontaneamente abraçá-lo. A segunda edição anual do Festival de Cinema Traverse City, que terá lugar entre segunda e domingo, também conquistou a adesão de alguns dos adversários políticos de Moore – ou, pelo menos, os pôs em segundo plano.


 


A lista de filmes a ser exibidos este ano inclui 68 selecionados por Michael Moore. Os organizadores do festival esperam um público de mais de 75 mil pessoas. Isso seria 50 por cento mais do que no festival do ano passado.


 


Sicko, o próximo filme
Moore disse que quer que o festival não tome partido, apesar de encarar temas carregados com filmes como “The Road to Guantanamo”. O diretor recorda que o longa sobre três britânicos encarcerados sem acusação na prisão norte-americana de Guantanamo, em Cuba, analisa “um momento vergonhoso da história que estamos vivendo”.


 


O cineasta já quase concluiu as filmagens de seu trabalho mais recente, “Sicko”. O filme analisa o sistema de saúde dos EUA, e Moore o descreve como “uma comédia sobre 45 milhões de pessoas que não têm acesso ao atendimento médico no país mais rico do mundo”. A previsão é que o filme faça sua estréia em 2007. Por enquanto, Moore parece estar contente com a relativa boa vontade que vem encontrando, após um período deprimente durante o qual pensou que não poderia voltar a trabalhar em Hollywood.


 


Ele foi vaiado no Kodak Theatre quando usou seu discurso de aceitação do Oscar 2003 pelo documentário “Tiros em Columbine” para fazer críticas ao presidente George W. Bush. “Me lembro de voltar ao hotel naquela noite e ver na TV todos os especialistas no pós-Oscar dizendo coisas tipo 'esse é o fim de Michael Moore'. No final da noite, eu também já estava acreditando nisso”, contou.


 


“Pensei, 'ninguém mais vai querer trabalhar comigo nesta cidade. Estraguei a festa deles'. A idéia é que deveríamos ignorar a guerra e fazer festa. Bom, agora estamos aqui, três anos depois, e não sou só eu quem pensa isso. Algumas outras pessoas aí fora também estão dizendo que não nos contaram a verdade.