Estudo usa Big Mac como medida dos salários no mundo

O Banco suíço UBS divulgou nesta semana mais uma edição de seu engenhoso levantamento estatístico, que mede o poder de compra dos salários do mundo tomando por base o número de minutos de trabalho suficiente para comprar um Big Mac. O conhecido sanduiche

Os brasileiros de São Paulo, por exemplo, têm que trabalhar em média 38  minutos para comprar um Big Mac. Já os do Rio de Janeiro, em pior situação, têm que usar o salário de 53 minutosa de trabalho.



Em relação ao relatório do ano passado, o poder de compra dos salários desses trabalhadores se deteriorou, segundo aponta o UBS. Em 2005, bastava o salário de 32 minutos para comprar um Big Mac em São Paulo, e de 42 minutos para o Rio.



Não rigoroso mas engenhoso e eloqüente



“Os salários só são relevantes em relação aos preços, isto é, o que se pode comprar com o dinheiro ganho”, diz o relatório do UBS. Para chegar ao salário médio de cada cidade o banco calculou a média dos salários líquidos por hora de 14 profissões.
O procedimento estatístico é engenhoso, não rigoroso. Mas permite dar uma idéia do valor da força-de-trabalho em diferentes partes do mundo, com mais precisão que as sempre problemáticas conversões cambiais. No caso brasileiro, por exemplo, um cálculo em reais e não em Big Macs sairia distorcido pela recente valorização da moeda nacional em relação ao dólar.



O estudo selecionou 71 cidades, com forte concentração na Europa — uma das suas conclusões é que a adoção do euro pela União Européia levou a reduzir os desníveis entre os níveis salariais. A média mundial de tempo de trabalho por sanduíche é de 35 minutos, segundo o relatório do UBS.



Onde se sua mais por Big Mac



Tóquio (Japão) é a cidade onde se trabalha menos para comprar um Big Mac: 10 minutos. No outro extremo, o trabalhador de Bogotá (Colômbia) é o mais mal pago: tem que trabalhar 97 minutos. Em Miami (EUA) são necessários 12 minutos, em Nova York 13, em Zurique (sede do banco suíço) 15, em Madri 21, em Moscou 25 minutos, em Budapest (Hungria) 48 minutos.



O poder de compra da força-de-trabalho carioca ou paulistana perde para as cidades do primeiro mundo mas é o mais elevado entre as oito cidades da América Latina incluidas no relatório. Veja os números:



São Paulo 38 minutos
Rio de Janeiro 53 minutos
Buenos Aires 56 minutos
Santiago   56 minutos
Cidade do México 82 minutos
Caracas  85 minutos
Lima   86 minutos
Bogotá  97 minutos



Jornada de trabalho e custo de vida



O estudo traz também um quadro das jornadas de trabalho e dos dias de férias por ano em cada uma das 71 cidades. Seul tem a jornada mais longa, 2.317 horas/ano, ou 50,2 horas semanais, contra 10 dias de férias. São Paulo tem 1.736 horas/ano, o Rio 1.709 e Paris, que registra a jornada de trabalho mais reduzida, fica com 1.481 horas/ano.



O UBS apresenta ainda uma comparação, mais convencional, entre os níveis de custo de vida das diferentes cidades. Conclui que a vida é mais cara em Londres e Nova York. E que as cidades mais baratas são as asiáticas, Kuala Lumpur (Tailândia), Mumbai e Nova Delhi (Índia), seguidas porém de Buenos Aires, que vence as chinesas Pequim e Xangai.



O relatório completo, em francês, pode ser consultado em www.ubs.com/1/ShowMedia/ubs_ch/wealth_mgmt_ch/research?contentId=103127&name=P+L0601_f.pdf.