Tariq Ali responde à Veja e defende resistência islâmica

O escritor, jornalista e polemista paquistânes Tariq Ali, editor da revista New Left Review, respondeu ontem (9/8), na primeira entrevista coletiva da Festa Literária Internacional de Parati, as críticas da revista Veja, que o chamou de “perfeito

Nascido em Lahore, em 1943 – cidade que na época fazia parte da Índia controlada pelos ingleses – Tariq Ali começou cedo na militância política. Filho de comunistas, liderou uma série de manifestações contrárias à ditadura do Paquistão ainda na faculdade. Tanto que, ao se formar, um tio – pertencente à alta inteligência do governo – sugeriu a seus pais que o mandassem para fora do país.


 


Hoje, Tariq Ali é um editores da NewLeft Review, possivelmente a publicação de esquerda mais importante do século 20. Jürgen Habermas, Eric Hobsbawm, Franco Moretti, Immanuel Wallerstein, Linda Weiss, Slavoj Zizek, Claude Lévi-Strauss, Ernest Mandel, Jacques Derrida são alguns dos que assinaram – ou ainda assinam – artigos na revista. É também um dos maiores especialistas em Oriente Médio e Ásia Oriental e autor de diversos livros de história e alguns romances, incluindo uma série sobre o mundo islâmico – publicados no Brasil pela editora Record.


 


A Veja atacou Ali em função de sua defesa ardorosa de todos os focos de resistência islâmica no Oriente Médio. “A crítica da Veja me soa familiar. É a mesma que escuto com frequência nos EUA. Esse tipo de opinião vem de jornalistas com uma agenda política bem clara. A Time e a Newsweek costumam dizer a mesma coisa e, assim como a Veja, nunca falam comigo”.


 


Durante a entrevista, que contou com a participação de cerca de 20 jornalistas brasileiros e estrangeiros, Tariq Ali disse que não defende “terroristas”, mas resistências legítimas. “A ordem dominante global quer eliminar a palavra resistência dos dicionários. Todos que resistem são chamados de terroristas. Foi assim na África do Sul, com Mandela, durante o apartheid. Foi assim no Vitenã, contra os vietnamitas. Quando Israel invade o Líbano e mata civis, fico feliz que haja resistência. Se não houvesse resistência no Iraque, isso significaria uma vitória acachapante de Bush e Blair”.


 


Com informações da Revista Imprensa