Polêmica na Bolívia: ex-presidente pode ir para a cadeia

O governo boliviano acusa o ex-presidente Eduardo Rodriguez de traição à pátria, por este ter enviado aos Estados Unidos, em setembro de 2005, 30 mísseis antiaéreos de seu Exército.

O episódio foi denunciado por Evo Morales quanto ele era ainda candidato a presidente, ainda em 2005. Agora, Fernandez pode ser condenado a até 30 anos de prisão.



O caso de Rodríguez é o mais adiantado de uma série de ações jurídicas que o governo Morales vem fomentando contra seus antecessores. Para os governistas, trata-se de um ajuste de contas contra os representantes do neoliberalismo, acusados de corrupção e de se submeter aos interesses estrangeiros. Para a oposição, é uma estratégia de Morales para afastar adversários do cenário político.



Desde o início, Rodríguez diz que a saída dos mísseis ocorreu sem o seu conhecimento. “Eu, como presidente, não fui informado, muito menos a autorizei. A rigor, não cabia a mim autorizar, mas deveria ter seguido um trâmite burocrático nunca cumprido”, disse.



O ex-presidente disse que, na época, sua prioridade era a realização das eleições, e não temas militares. “Aquelas semanas foram as mais difíceis para o meu governo, porque houve uma crise constitucional, legislativa, social e política que pôs em dúvida a realização das eleições. Então, tinha muito temor, como presidente, de que não chegássemos a eleições.”



Renúncia



Com a chegada do governo Morales, Rodríguez voltou à Corte Suprema, onde encontrou um pedido de indiciamento contra ele feito pelo presidente. O pedido inclui vários delitos –traição à pátria, submissão a nação estrangeira, espionagem, destruição de documentos, falsidade ideológica –, o que pode condená-lo a até 30 anos de prisão. Para não presidir o tribunal que decidiria sobre ele, Rodríguez renunciou.



Recentemente, o procurador-geral da República, Pedro Gareca, um aliado de Morales, obteve da Corte Suprema autorização para processá-lo. Agora, cabe ao Congresso decidir se Rodríguez sentará ou não no banco dos réus.



Para que seja autorizado o processo, Morales precisa do voto de dois terços do Congresso, mas o seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo) tem apenas a maioria simples. Um partido da oposição, a Unidade Nacional, já se manifestou a favor do ex-presidente.