Em Goiás, artista plástico doa obra para a campanha de Fábio Tokarski

Como reconhecimento à atuação de Fábio Tokarski com defensor da cultura no Parlamento, o artista plástico goiano, Alexandre Liah — uma das grandes revelações da pintura contemporânea no estado — doou a obra ''72 Anos de Goiânia'' para a arrecadar rec

Com 20 anos de carreira e obras espalhadas por vários países, o artista plástico Alexandre Liah – considerado uma das grandes revelações da pintura goiana – doou o quadro “72 Anos de Goiânia” produzido em homenagem à cidade, com a técnica acrílico sobre tela, nas proporções de 1 metro por 70 cm, para a campanha de Fábio Tokarski à Deputado Federal. O valor comercial da obra é estimado em R$ 2,6 mil.


 


Em dezembro do ano passado, Liah participou da exposição “Artistas Plásticos Brasileiros”, no Senado Federal, que reuniu 82 pintores de todos os estados do Brasil. A exposição ficou eternizada, em livro homônimo, publicado pela Casa de Leis. Engajado, em junho de 2006, também esteve presente na exposição realizada no Museu de Arte de Goiânia em comemoração aos dez anos de criação da Associação de Amigos do MAG.


 


Leia, a seguir, entrevista concedida pelo artista plástico, Alexandre Liah, que acompanha a trajetória de Fábio Tokarski desde a conquista do primeiro mandato na Câmara Municipal de Goiânia: 
 
Qual tem sido a importância da atuação de Fábio Tokarski no Parlamento para a área cultural? 


Liah – Fábio Tokarski tem contribuído bastante com a área cultural através dos incentivos que ele vem propondo, além de ajudar a difundir os programas que já existem. Há muito tempo ele trabalha no Legislativo em relação à destinação das verbas para cultura e a democratização desses recursos.  Acredito que foi um grande passo podermos realmente trabalhar na cultura de uma forma madura, coesa, sem aquele antigo amadorismo que, na minha avaliação, era apenas uma tentativa de se fazer arte.
 
Os artistas trabalhavam sozinhos e sem respaldo, nenhuma entidade ou apoio de políticos para que pudessem se profissionalizar e elaborar projetos para buscar financiamento nas  leis de incentivo e conseguir emplacar esses projetos. 
 
 
O que representará a continuidade desse trabalho com Fábio Tokarski no Congresso Nacional?
 


Liah – É interessante a continuidade desse trabalho no Congresso porque a visibilidade desses projetos será bem maior. Acredito que isso proporcionará um leque de possibilidades para os artistas poderem emplacar projetos tanto em nível estadual quanto federal. De forma contundente, Fábio Tokarski vem alinhavando todo esse processo que culminou em ações importantes como o Fórum de Cultura e outras que ele apresentou no Legislativo. Com certeza, essas iniciativas irão gabaritar ainda mais os nossos trabalhos enquanto artistas plásticos. 


 


O profissionalismo que conquistamos faz com que os artistas reflitam também sobre o processo de produção. Não basta só produzir, é preciso que os próprios artistas invistam nos seus trabalhos, façam reciclagens e busquem outras possibilidades de entendimento com as outras expressões artísticas. É preciso estar sintonizado com outras atividades – no meu caso específico que atuo nas artes plásticas, tenho um interesse muito grande em fazer cinema, instalações e vídeo-arte. Mas essa ampliação exige um trabalho no qual precisamos de outros profissionais e também de aprovarmos nossos projetos em leis de incentivo.  
 
Nós, artistas, só sabemos pintar. No entanto, hoje em dia,  precisamos nos atualizar, ter e-mail e, na medida do possível, usar as novas tecnologias – além de ter pessoas que nos fomente e ajude a divulgar o nosso trabalho.  
 
 
Como o senhor avalia as artes plásticas goianas no contexto atual?


Liah – Atualmente, o mercado das artes plásticas está muito frio. Já em relação à colocação das obras de arte, estamos num patamar muito bom. Temos um grande número de valores que despontaram em Goiás e que estão fazendo intercâmbio com os outros estados.


Hoje o artista não sobrevive só da arte. Ele precisa desenvolver outros tipos de atividades e não pode se dedicar integralmente ao trabalho artístico. Como artista plástico, tenho o privilégio de estar trabalhando com arte porque além de pintar, leciono e desenvolvo projetos gráficos. Mas o momento está complicado porque a nossa economia está muito engessada e os empresários estão cautelosos com relação aos investimentos. 



Na sua avaliação, qual é a importância da arte para a formação do cidadão? 
 
Liah –
A importância é total. A arte – costumo dizer em minhas aulas – está implícita em tudo o que você vê, trabalha e convive. Você sempre convive com alguma coisa visual. A criança, quando nasce, a primeira cor que ela percebe é o amarelo. Então, desde a mais tenra idade, já estamos em contato com as cores. Se o nosso mundo fosse muito cinza, escuro ou de uma cor apenas, não teríamos prazer em viver.  A própria natureza faz esse trabalho. Às vezes, ela tem o acesso da paisagem de verde e tem hora que, lá no meio da mata, encontramos um ipê amarelo ou roxo para amenizar um pouco desse verde que é tão estrondoso na paisagem.  


A arte está em tudo no nosso meio, na cidade e, em qualquer lugar por onde andamos, vemos parte dessa arte. A placa de trânsito é um símbolo artístico. Se você tirá-la do contexto e colocá-la em outro lugar ela se torna um símbolo artístico. Isso é muito presente na propaganda. A necessidade de você comunicar com as pessoas iminentemente passa por uma questão artística. 



Qual é a importância da conscientização política da classe artística? 
 
Liah – Acredito que os artistas devem ter uma consciência política. Essa conscientização político-ideológica é muito importante porque os artistas contribuem para o processo histórico. Primeiro, é essencial manter essa democracia em que vivemos porque esse é o melhor jeito de se fazer arte, de se conviver socialmente e de se respeitar os direitos de todos.  


Outra questão fundamental é o engajamento dos artistas nas questões sociais como a fome, o analfabetismo e a discriminação em qualquer sentido – seja do negro, do velho e qualquer outra. É a questão dos valores morais que nós perseguimos. Os artistas cumprem um papel de matizadores dessas idéias. 


Sou da geração das “Diretas Já” e participei ativamente do movimento. Naquela época, a consciência política foi suprapartidária. Havia um forte desejo da  sociedade brasileira alcançar o ideal de votar e de ter livre arbítrio para tomar as suas decisões. Os artistas são catalisadores dessas idéias e também manifestadores porque eles expressam tudo aquilo que eles vêem, sentem e percebem. Depois, apresentam suas expressões para a comunidade analisar e contestar esses projetos.



Carolina Skorupski


Da Redação Local