CPI das Ambulâncias notifica senador tucano

“Como presidente adotei essa decisão com base em elementos suficientes que justificam que esses parlamentares passem à condição de investigados”, afirmou Biscaia. Com a notificação, esses parlamentares têm o prazo de cinco dias para se manifestarem por escrito.

Segundo Biscaia, a notificação do senador Antero Paes de Barros foi uma decisão equilibrada, uma vez que o empresário Luiz Antônio Vedoin confirmou, no último dia 22 de agosto, ao juiz federal da Segunda Vara de Cuiabá (MT), as acusações feitas contra o senador em entrevista à revista Veja. “Vedoin apontou o senador Antero Paes de Barros em entrevista à Veja, mas não tomei providências de imediato porque considerei que ele deveria confirmar o que declarou à revista ao juiz federal de Cuiabá. Vedoin confirmou o que declarou ao juiz que, por sua vez, encaminhou à CPMI as informações”, disse Biscaia.

Na entrevista à revista Veja, o empresário Luiz Antônio Vedoin fez novas revelações sobre a rede de influência montada pela máfia dos sanguessugas e incluiu o nome do senador Antero Paes de Barros entre os beneficiários do esquema. Vedoin é sócio da Planam, empresa onde foi montada uma central de fraudes para desvio de dinheiro público mediante a compra de ambulâncias superfaturadas por meio de emendas de parlamentares.

“Não vou tomar providência alguma em razão de entrevistas ou declarações de imprensa. Quando Vedoin comunicou formalmente ao juiz suas declarações passou a haver elementos suficientes para agir”, afirmou Biscaia.

Na entrevista, segundo Vedoin, Antero Paes de Barros entrou em acordo com o pai dele, Darci Vedoin, e chegou a receber R$ 40 mil de propina, por intermédio do deputado Lino Rossi (PP-MT), encarregado de cooptar parlamentares para a máfia no Congresso: “Meu pai conversou pessoalmente com o senador, que era o líder da bancada do estado. O acordo era para a totalidade das emendas da bancada, que somavam R$ 3,8 milhões. Antero apresentou R$ 400 mil e tínhamos de dar R$ 40 mil de comissão. Ele pediu para passarmos o dinheiro diretamente para o Lino Rossi, que, naquele tempo, era do mesmo partido que ele . Todos ali tinham consciência do que estava sendo feito”, sustentou Vedoin.

O deputado Antonio Carlos Biscaia, afirmou que a comissão, durante o período de seus trabalhos, poderá investigar qualquer parlamentar sobre os quais existam elementos de prova de envolvimento com o esquema de venda superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento da União.

Agenda – Biscaia disse que a CPMI fará reunião administrativa na próxima quinta-feira (5), para votar requerimentos. Entre eles, o que pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Cristianne Mayrink Sampaio Silva, suposta colaboradora na administração das emendas parlamentares e cobrança de propinas no esquema de venda superfaturada de ambulâncias.