Alckmin tenta ver segundo turno em pesquisas telefônicas
O presidenciável Geraldo Alckmin tem repetido à exaustão que a disputa com Lula irá para o segundo turno. É uma pregação comum a todos os candidatos em desvantagem numa disputa eleitoral. Mas, no caso de Alckmin, o otimismo se baseia em relatórios interno
Publicado 04/09/2006 18:46
As sondagens mostram, de fato, uma recuperação lenta e contínua de Alckmin. Mas os números estão longe de justificar o otimismo brandido pelo candidato em suas manifestações públicas. Primeiro porque o crescimento Alckmin é, por ora, lento demais. Segundo porque ele não rouba votos de Lula. Terceiro porque as sondagens telefônicas não são comparáveis com as pesquisas de rua feitas pelos institutos.
O PSDB serve-se de 1.000 entrevistas diárias feitas pelo Ibope. Para medir a curva de evolução do candidato, o comitê consolida os três últimos levantamentos (3.000 mil consultas). São esses relatórios consolidados que o candidato manuseia. Depois de uma fase estacionária, os números passaram a brindar Alckmin com uma curva ascendente. Daí o seu otimismo.
O problema é que, para provocar o segundo turno, Alckmin precisaria roubar votos de Lula, que oscila entre 48% e 50% das intenções de voto. Algo que nem as pesquisas internas lograram detectar. O crescimento de Alckmin cavalga ora os índices de Heloisa Helena, a terceira colocada na disputa, ora o naco de votos indecisos. A prevalecer essa tendência, o segundo turno não passará de discurso vazio de um candidato em desespero.
Os planos iniciais traçados pelo comitê de Alckmin previam que, para provocar o segundo turno com folgas, o cenário das pesquisas deveria ser, em 15 de setembro, o seguinte: Lula com 42%, Alckmin com 35% e Heloisa Helena com 10%. A prospecção foi envenenada nas três pontas: Lula passou a roçar os 50%, Alckmin ainda não chegou nem aos 30% e Heloisa Helena desceu à casa de um dígito.
De resto, o otimismo de Alckmin desconsidera um detalhe importante. Pesquisas telefônicas servem para aferir tendências, mas não são uma boa ferramenta para medir a variação real das intenções de voto. No Nordeste, por exemplo, uma região em que Lula obtém médias superiores a 60%, as residências equipadas com telefones não chegam a 30%.
Ou seja, as pesquisas que embalam a animação retórica de Alckmin privilegiam a audição dos brasileiros com-telefone. Justamente a faixa do eleitorado em que a opção pelo tucano é mais generosa. Só o cotejo com as pesquisas de rua, divulgadas periodicamente pelos institutos, pode demonstrar se o crescimento de Alckmin, por ora tímido, será capaz de produzir o segundo turno.
Um outro levantamento à disposição dos tucanos, feito pela consultoria Orjan Olsen, mostra Alckmin em queda: passou de 28% na semana passada para 25% hoje. Enquanto isso, Lula manteve-se com 50%.
Nesta terça-feira, o Datafolha divulga mais uma de suas pesquisas. O levantamento de campo começou a ser feito ontem. Será concluído nesta terça-feira. No último levantamento, divulgado na semana passada, Alckmin havia oscilado para cima. Foi de 25% para 27%. Ainda que volte a crescer, a pregação do segundo turno só ganhará alguma consistência se Lula cair. Do contrário, o discurso do tucanato continuará freqüentando o mundo dos sonhos.
Fonte: Blog do Josias